! Executivo do COI preso se escondeu em hotel; mulher mentiu para a polícia - 17/08/2016 - UOL Olimpíadas

Infraestrutura

Executivo do COI preso se escondeu em hotel; mulher mentiu para a polícia

Beatriz Cesarini, Vinicius Konchinski e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro

O presidente do Comitê Olímpico Irlandês, Patrick Hickey, preso nesta quarta-feira (17), tentou se esconder em um quarto de hotel registrado em nome do filho no momento em que os agentes da Polícia Civil chegaram ao local onde ele estava hospedado, nesta manhã, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro. A mulher do suspeito chegou a mentir para a polícia ao afirmar que Hickey havia retornado para a Irlanda no domingo (15), depois de uma reunião com um ministro do país europeu.

Hickey foi encontrado de roupão em um quarto ao lado do que estava registrado em nome do casal. Após receber voz de prisão, ele se sentiu mal, e a polícia optou por acionar o médico do hotel Windsor. Ao perceber que o suspeito poderia fugir, os investigadores e agentes cercaram o hotel. Por recomendação do médico que o atendeu, Hickey foi levado ao hospital Samaritano, na Barra da Tijuca, onde está sendo submetido a exames preventivos e preso sob custódia. O irlandês tem problemas cardíacos e sofreu um infarto há seis meses. Depois dos exames, ele será levado para a Cidade da Polícia, onde prestará depoimento e ficará à disposição da Justiça.

"Ele infartou há seis meses e, pelo susto que tomou hoje e pela idade avançada, o médico achou por bem levá-lo para fazer exames", disse o delegado Aloysio Falcão.

A operação, coordenada pelos Delegados de Polícia Ronaldo Oliveira e Ricardo Barbosa, é decorrência da investigação desenvolvida nos últimos dias sobre e que já tinha gerado o pedido de prisão de outros seis suspeitos se envolvimento com a máfia dos ingressos. Segundo comunicado divulgado nesta quarta-feira, a Polícia Civil descobriu o envolvimento de Patrick no esquema internacional de cambismo.

O delegado responsável pelo caso, com base nas novas provas, representou pela decretação da prisão do referido Presidente bem como da expedição de mandado de busca e apreensão, medidas que foram deferidas pela Justiça.

"Obviamente vamos colaborar com a Polícia. Isso envolve 1 mil ingressos dos 6 milhões da Irlanda. Temos plena confiança em nosso sistema. Aqui como em outro lugar, existe a presunção da inocência. Até o momento, já que há uma investigação comercial em curso, vamos ver como as coisas evoluem", disse o diretor de comunicação do COI, Mark Adams.

"Na agenda 2020, estamos estudando ações para resolver essas situações. Em fevereiro falamos com fornecedores de ingressos, sempre acompanharmos de ingresso. Sem há algo que pode ser feito", acrescentou.

Em 5 de agosto, foram presos em flagrante Kevin Mallon, diretor da empresa THG, e Bárbara Carnieri. Durante esta ação, foram apreendidos mais de 1.000 ingressos que eram comercializados por valores elevados.

Também foram decretadas as prisões dos ingleses Martin Studd e Marcus Evans, do irlandês David Patrick Gilmore e do holandês Maarten Van Os. Todos estão fora do país, e polícia federal e Interpol serão acionados para ajudar no caso.

Segundo a Polícia Civil, os quatro são diretores do grupo de empresas da THG. Sabiam e atuavam no esquema de venda ilegal de ingressos. Tinham também passagem marcada para vir ao Rio assistir aos últimos dias da Olimpíada.

Eles, portanto, tinham conexões com Mallon, que foi preso em flagrante em posse 823 ingressos, que seriam comercializados por valores acima do mercado. No Brasil, essa prática configura o crime de cambismo. Mallon é diretor da THG e um dos principais executivos da companhia no Brasil, enquanto Barbara trabalharia como intérprete dos clientes que adquiririam as entradas de forma irregular.

A Pro 10 foi criada em abril de 2015 com objetivo de revender ingressos desviados do Comitê da Irlanda, de acordo com a Polícia Civil. A abertura dessa empresa ocorreu depois que o Comitê Olímpico Internacional não aceitou a indicação da THG, que já havia sido investigada pela máfia cambista da Copa do Mundo, para realizar o serviço.

"Estranhamos o fato de que, em menos de um ano, a Pro 10 obteve gabarito para ser escolhida como revendedora dos ingressos da Irlanda", disse o delegado Aloysio Falcão.

A polícia informou que o britânico Michael Glynn, um dos três executivos da Pro 10 que tiveram a prisão decretada, esteve no Brasil em junho desse ano. "Até checamos no hotel que ele ficou em junho para ver se ele veio para a Olimpíada, mas não encontramos nada", afirmou Falcão. O suspeito ficou no Rio de Janeiro de 10 a 19 de junho.

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