Relatos das provas

EUA passeiam contra Argentina em jogo marcado por duelo de torcidas

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Kevin Durant foi o nome do jogo contra a Argentina nesta quarta-feira imagem: REUTERS/Shannon Stapleton

José Ricardo Leite

do UOL, no Rio de Janeiro

A Argentina até parecia que daria trabalho aos Estados Unidos, mas tudo não passou de um leve susto nesta quarta-feira. Na Arena Carioca 1, a seleção sul-americana jogou bem durante os cinco primeiros minutos de jogo, mas logo caiu de rendimento e foi derrotada pelo Dream Team por 105 a 78, no que pode ter sido o último confronto dos norte-americanos contra a geração dourada argentina.

A partida foi marcada por um duelo entre os torcedores que lotaram as arquibancadas do ginásio. Os brasileiros adotaram os Estados Unidos. Apesar de geralmente os torcedores escolherem o "mais fraco" para torcer ao longo dos Jogos nas diversas modalidades, a rivalidade com os argentinos falou mais alto. Já a torcida vizinha deu o show de sempre, cantando alto, independente de sua seleção estar ganhando ou perdendo.

Ao final, riu por último a torcida brasileira com o o tradicional "eliminado" ecoando pela arena. Os argentinos prestaram homenagem à geração dourada, em tom de despedida.

Isso porque Manu Ginóbili, 39, Luis Scola, 36, Andrés Nocioni, 36, e Carlos Delfino, 33, pilares da histórica medalha de ouro da Argentina nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, não devem estar presentes na próxima edição do Mundial, que será realizado na China, em 2019. 

Com a vitória, os Estados Unidos se mantêm invictos e avançam à semifinal dos Jogos Olímpicos do Rio. Seu próximo adversário será a Espanha, que avançou após dominar a França mais cedo nesta quarta-feira. A partida será na próxima sexta (19) e será uma repetição de um duelo que aconteceu nas últimas três Olimpíadas. Os norte-americanos bateram os espanhóis em 2004 (quartas de final), 2008 e 2012, ambas na decisão do ouro.

Argentina impõe ritmo, mas não segura vantagem

Shannon Stapleton/ REUTERS
Kevin Durant foi o dono do primeiro quarto imagem: Shannon Stapleton/ REUTERS

Decisivo na vitória contra o Brasil, Facundo Campazzo começou a partida inspirado. Levando vantagem na maior parte das vezes contra Kyrie Irving, o armador argentino de apenas 1,79 terminou o primeiro quarto com oito pontos anotados, com 80% de aproveitamento nos chutes em quadra.

A Argentina até conseguiu abrir uma ótima vantagem de dez pontos (19 a 9), mas caiu de rendimento no final do primeiro quarto. Kevin Durant, com 100% nas bolas de três (3/3), anotou 13 pontos e foi fundamental na vitória parcial por 25 a 21.

Torcida argentina dá show, mas é Dream Team quem deslancha

Tom Pennington/Getty Images
Torcida argentina deu mais um show nas arquibancadas da Arena Carioca 1 imagem: Tom Pennington/Getty Images

Mesmo com o apoio da torcida, que mais uma vez deu um show nas arquibancadas e travou um duelo com os brasileiros, que torciam pelo Dream Team, a Argentina não conseguiu voltar para o segundo período da mesma maneira que começou o jogo. Ao invés de um time veloz e certeiro, passou a se movimentar pouco e errar muitos chutes. Os Estados Unidos, que não tinham nada a ver com isso, aproveitaram. Com Durant inspirado, o Dream Team deitou e rolou. A seleção sul-americana tomou uma sequência de 27 a 2 e terminou o quarto perdendo por 56 a 40.

No segundo tempo, a partir do momento em que as rotações começaram, os norte-americanos dispararam. Paul George foi muito bem. Assim como toda equipe norte-americana. A Argentina não se entregou e tentou jogar até o último minuto, mas não conseguiu parar Kevin Durant, que continuou com uma atuação impecável. Com 78% de aproveitamento dos arremessos da linha de três, acertou sete dos nove chutes, ele terminou com 27 pontos, sete rebotes e seis assistências.

Rivalidade e duelos históricos

Chris McGrath/Getty Images
Argentina eliminou os EUA na semifinal de Atenas-2004 imagem: Chris McGrath/Getty Images

A seleção norte-americana praticamente não teve adversários nos últimos de dez anos. Apesar de fazer tempo, foram os argentinos os responsáveis por darem mais trabalho antes do domínio dos Estados Unidos.

Ezra Shaw/Getty Images
EUA, ainda com Kobe, não deu chance em Pequim-2008 imagem: Ezra Shaw/Getty Images

Já comandada por Ginobili, Nocioni e Scola, foi a Argentina a primeira seleção a bater os EUA desde que os profissionais da NBA foram liberados para participar de competições internacionais da Federação Internacional de Basquete (FIBA). Em partida válida pela segunda fase do Mundial de 2002, os argentinos venceram os norte-americanos por 87 a 80.

Dois anos depois, veio o grande resultado. Na semifinal dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, a Argentina derrotou os Estados Unidos por 89 a 81 para chegar à final e conquistar seu primeiro ouro olímpico. Foi a primeira vez desde Seul-1988 que os norte-americanos não subiam no lugar mais alto do pódio em uma edição de Olimpíada.

De lá para cá, no entanto, foram dominantes. No Mundial de 2006, os EUA venceram a Argentina por 96 a 81 na disputa de terceiro lugar. As seleções ainda se enfrentaram na semifinal de Pequim-2008 (101 a 81), e na semi de Londres-2012 (109 a 83), todos com vitória do Dream Team.

Floyd Mayweather na casa

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Polêmico, Mayweather acompanhar partida entre Estados Unidos e Argentina imagem: REUTERS/Jim Young

O ex-pugilista Floyd Mayweather, aposentado desde setembro do ano passado, esteve presente na Arena Carioca 1 para acompanhar a partida entre Estados Unidos e Argentina. Polêmico, ele já acompanhou duelos de boxe nos últimos dois dias e hoje fez questão de prestigiar o Dream Team.

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