Vôlei de praia

Após reinado de doze anos cair, Walsh chora no calçadão de Copacabana

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Kerri Walsh-Jennings abraça o marido Casey Jennings após perder pela primeira vez nas Olimpíadas imagem: UOL

Adriano Wilkson

Do UOL, no Rio de Janeiro

A areia de Copacabana foi palco de uma cena inédita na última madrugada. Kerri Walsh-Jennings, três medalhas douradas no pescoço, perdeu seu primeiro jogo de vôlei de praia numa Olimpíada. A derrota para as brasileiras Agatha e Barbara foi a única em 27 partidas desde 2004.

Uma hora depois, algumas poucas pessoas que caminhavam no calçadão de Copabacana, puderam ver uma cena ainda mais rara. Depois de descrever a sensação da derrota como “terrível”, Walsh deixou a arena e encontrou o marido Casey Jennings.

Eles se abraçaram por longos minutos, e as poucas testemunhas perceberam que a jogadora de vôlei de praia mais vitoriosa da história chorava. “Eu disse para ela que ela já é uma campeã”, contou Jennings depois. “Ela é campeã na vida, não são medalhas que vão dizer o quanto ela é importante.”

Veja lances da vitória de Ágatha e Bárbara sobre Walsh/Ross

Enquanto o casal se abraçava, alguns torcedores americanos se reuniram em volta para aplaudi-los. “Obrigado por tudo, Kerri”, disse um deles, enrolado na bandeira dos Estados Unidos. Amigos e parentes também a consolaram. Walsh abraçou longamente cada um. April Ross, sua parceira, estava por perto, confortou a amiga e foi confortada. A cena toda durou uns 15 minutos.

Adrees Latif/Reuters
imagem: Adrees Latif/Reuters

A tricampeã olímpica deu mais um beijo no marido. Ele então perguntou: “Pronta para ir pra casa, baby?” Ela fez que sim com a cabeça e não disse nada.

“Eu amo todos vocês, pessoal”, falou Walsh, 38 anos, com os olhos marejados, acenando para os torcedores e se dirigindo ao carro com Ross para descansar. Uma brasileira pediu uma foto, mas ela recusou educadamente. Em menos de 24 horas, as duas entrarão na arena novamente para a disputa do bronze com as locais Larissa e Talita.

Mais cedo, Walsh tinha elogiado muito a torcida que lotou a arena de Copacabana e, mesmo sendo muito vaiada e pressionada ao sacar, afirmou que só sentiu “energias positivas vindas do público.”

“Os brasileiros estavam torcendo por um grande voleibol”, disse ela, que admitiu nunca ter jogado em uma atmosfera como a que ela sentiu em Copacabana. “Lá dentro, não ouvi nenhuma vaia. Não achei desrespeitoso. A torcida foi incrível.”

Shaun Botterill/Getty Images
imagem: Shaun Botterill/Getty Images

Para vencer uma dupla considerada favorita, Agatha e Barbara apostaram na estratégia de sacar em cima de Walsh, que em alguns momentos teve dificuldades para passar – pelo menos um dos aces das brasileiras foi conquistado após um erro da veterana na recepção.

Mesmo com a derrota inédita, a americana foi simpática com voluntários, jornalistas e torcedores com quem conversou depois. Então uma repórter perguntou se ela poderia estar nos Jogos de Tóquio, quando terá 42 anos.

“Eu sei que eu posso”, respondeu a tricampeã olímpica. “Não sei se eu vou.”

Walsh e Ross enfrentam Larissa e Talita às 22h (de Brasília) pela medalha de bronze. Duas horas depois, Agatha e Bárbara pegam as alemãs Ludwig e Walkenhorst na final.

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