Geração NBA fracassa e Brasil vê futuro nebuloso pela frente no basquete
Fabio Aleixo e José Ricardo LeiteDo UOL, no Rio de Janeiro
Desde que foi selecionado pelo New York Knicks e em questão de minutos repassado ao Denver Nuggets, no draft de 2002, Nenê dava início ali à primeira geração de jogadores do Brasil a fazer carreira na NBA e alimentava a esperança dos fãs que viam uma seleção longe das grandes potências e com resultados medíocres nos últimos anos. A última vez que o país bicampeão mundial tinha ficado no top 3 em Mundial ou Olimpíada havia sido em 1978. De lá pra cá nada mudou, e a marca vai prosseguir até sabe-se lá quando.
Apesar dos rápidos jogos feitos por Pipoka e Rolando na década de 90, foi a geração de 2002 que integrou de vez o Brasil à liga mais importante de basquete do planeta. Depois de Nenê, vieram Leandrinho, Rafael Araujo (Baby), Anderson Varejão, Alex, Tiago Splitter, Marcelinho Huertas, Raulzinho, Marquinhos, Felício, Bruno Cabolco, Faverani, Lucas Bebê, Fab Melo e Scott Machado. Quase todos jogaram pela seleção, sendo que os oito primeiros participaram ativamente do ciclo que se iniciou há 14 anos.
Destes, Nenê, Leandrinho, Alex, Huertas, Raulzinho, Marquinhos e Felício estiveram presentes na dura eliminação na primeira fase dos Jogos Olímpicos do Rio. Anderson Varejão e Spliter só não jogaram por conta de lesões. O primeiro até se apresentou para os treinos e só depois foi cortado.
A geração teve como maior feito recolocar o Brasil numa edição de Jogos Olímpicos após ausências em 2000, 2004 e 2008. E na Olimpíada que conquistaram a classificação em quadra, em 2012, houve o melhor resultado de todos os torneios: quinto lugar. Desde o Mundial de 90, ainda na era Oscar, o Brasil não ficava entre os cinco.
Mas o tão sonhado pódio não aconteceu em meio a derrotas amargas. Antes das duras quedas na primeira fase do Rio-2016 (para Croácia, Argentina e Lituânia), a equipe perdeu as quartas do Mundial de 2014 para a Sérvia, depois de vencê-la na primeira fase. Também caiu pra Argentina tanto na Olimpíada de Londres como no Mundial de 2010 em jogos apertados.
“Sabíamos que tínhamos time capaz de se classificar. Tivemos jogos nas mãos, sobretudo contra a Argentina e deixamos passar a oportunidade. Não podemos ficar lamentando, foram erros nossos”, disse o ala Alex, que passou pelo San Antonio Spurs e New Orleans Hornets.
Futuro nebuloso
A vitória contra a Nigéria, que não adiantou de nada, pode também ter marcado o adeus de Rubén Magnano do comando da equipe nacional. O contrato do treinador, que ocupa o cargo desde o começo de 2010, termina agora. E ainda não há certeza de que será renovado para o próximo ciclo olímpico em meio à crise financeira que atravessa a Confederação Brasileira de Basquete (CBB).
"Tenho contrato até agora. Não tive nenhuma proposta de continuar. Acho que a CBB fará sua avaliação. Os dirigentes são sempre os que decidem. Eu, como treinador, tenho a obrigação de me posicionar", disse o treinador, que só conquistou um título à frente da seleção brasileira, o dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015.
Além da incerteza sobre a formação da comissão técnica, ainda tem o possível adeus da seleção de jogadores veteranos, uma vez que a próxima grande competição internacional acontecerá apenas em 2019 e será o Mundial da China. Do time que atuou no Rio, apenas cinco atletas têm menos de 30 anos: Raulzinho, Cristiano Felício, Rafael Luz, Augusto Lima (todos com 24) e Vitor Benite (26).
Em entrevista ao UOL Esporte no ano passado, o ala Alex (36 anos) afirmou que deixaria o time nacional após os Jogos. O mesmo pode acontecer com os demais atletas experientes que fizeram parte do grupo nos Jogos Olímpicos.