Na torcida por ouro de Mayssa, modelo canadense vive conto de fadas
Bastou uma troca de olhares em uma rua de Toronto para que a modelo canadense Nikki Shumaker e a goleira Mayssa Pessoa se apaixonassem. Era 18 de julho de 2015 e a seleção brasileira de handebol, da qual Mayssa é integrante, havia iniciado há pouco a campanha invicta que traria mais um ouro ao grupo - o quinto consecutivo nos Jogos Pan-Americanos.
“A impressão que eu tinha era que a gente já se conhecia. Na hora, a gente soube. Foi algo como: ‘finalmente! Eu esperei por isso durante anos!’ Eu sei que é um sentimento que nem todo mundo tem, então para sempre serei grata”, contou Nikki em entrevista ao UOL Esporte, um dia após chegar o Rio para acompanhar os jogos da seleção ao lado da família de Mayssa.
A ligação foi tão forte e imediata que, no fim de semana seguinte ao Pan-Americano, Nikki já estava num avião para a Europa ao lado da namorada. Os pais da modelo ficaram um pouco surpresos com a rapidez, mas felizes pelo acontecimento inusitado. "Eles sempre perguntam da Mayssa. Até mandaram de presente um conjunto de luvas e casacos idênticos para usarmos no Natal", contou, aos risos.
A vinda de Nikki aos Jogos Olímpicos não estava certa até poucas semanas antes da cerimônia de abertura. Mayssa queria ter certeza de que haveria uma estrutura montada para garantir a segurança da namorada e evitar preocupações num momento em que sua concentração deve estar dentro da quadra.
"A violência era a maior questão. Não tive medo de zika ou chikungunya, porque sabia que estávamos em outra estação e os mosquitos teriam sumido. Quando tive certeza de que teria um lugar para ficar e que a irmã da Mayssa estaria comigo, fiquei tranquila. É importante ter alguém que fale português por perto”, explicou ela, que já consegue falar algumas palavras, mas quer ter aulas particulares de português o quanto antes.
Além da emoção de estar nas Olimpíadas, Nikki ficou especialmente feliz por poder acompanhar Mayssa em uma competição em sua terra natal. Do Rio, o casal viajará para João Pessoa por alguns dias e seguirá, então, para Bucareste, na Romênia, e Macedônia. "Estou muito feliz de ter ela aqui comigo me acompanhando", declarou a jogadora logo após a vitória sobre Montenegro por 29 a 23 na manhã deste domingo (14). Foi justamente depois de uma partida contra Montenegro, nas Olimpíadas de Londres, que Mayssa falou pela primeira vez publicamente sobre a bissexualidade, e levantou a bandeira contra o preconceito no esporte.
O namoro, por ora, tem sido majoritariamente à distância. “Sempre que consigo um tempo, vou visitá-la. Mas o timing está ótimo, pois permite que a gente termine tudo o que precisamos”, afirmou Nikki. No início de 2016, a goleira assinou um contrato de dois anos com o clube macedônio HC Vardar, e, enquanto isso, Nikki finaliza o curso de enfermagem. O trabalho como modelo foi algo que surgiu após terminar o colegial, na cidadezinha de Oliver, e a permitiu ganhar algum dinheiro e conhecer pessoas interessantes e criativas. Mas não é o que sonha em fazer
O casamento ainda deve demorar uns três anos para acontecer por conta dos compromissos de ambas. Mas não há dúvidas: “Depois, estaremos prontas para o ‘felizes para sempre’. Todo mundo sonha em se apaixonar, ter uma família. E ela é 'A' pessoa certa”. Com 31 anos, Mayssa sabe que a carreira como atleta de alto rendimento acabará em breve. Quando isso acontecer, pretendem morar juntas no Canadá, país em que a goleira já se sente em casa, segundo a namorada.
Seus olhos brilham ao dizer o nome de Mayssa. Ela adora contar detalhes do relacionamento, lembrar dos momentos especiais que vivenciaram juntas. “Fico tão feliz ao falar sobre ela. São tantos sentimentos aqui dentro... Eu te amo, Mayssa!”, disse Nikki, apontando para o peito e abrindo um sorriso.
“Para mim, sinto como se estivesse em um conto de fadas. Agradeço a Deus por poder passar por isso. O amor vence tudo, por mais piegas que possa parecer”, afirmou a canadense.
* Colaborou Fábio Aleixo