! Choro nos Jogos Olímpicos humaniza os milionários profissionais do tênis - 15/08/2016 - UOL Olimpíadas

Olimpíadas 2016

Choro nos Jogos Olímpicos humaniza os milionários profissionais do tênis

Mauricio Stycer

Do UOL, no Rio de Janeiro

Encerrado neste domingo (14), depois de oito dias, o torneio olímpico de tênis da Rio-2016 será lembrado pela emoção – e pelas lágrimas – de alguns dos melhores tenistas do mundo. 

Vistos como profissionais interessados apenas em pontos, ranking e prêmios milionários, Novak Djokovic, Andy Murray, Rafael Nadal e Juan Martin del Potro (que têm juntos quase R$ 800 milhões em premiações), só para citar alguns, se transformaram completamente, aos olhos do público, ao vestirem as camisas de seus países nas quadras do complexo olímpico do Rio.  

Adotado pelos cariocas, Djokovic desfrutou por alguns dias de uma tietagem que poucas vezes viu.  Mas, surpreendido pelo tênis de Del Potro, o primeiro do mundo foi eliminado do torneio logo na primeira rodada. Quando a câmera focalizou os seus olhos, deixando a quadra central, foi possível ver as lágrimas.

“Eu, honestamente, não sei como agradecer. Esse tipo de atmosfera senti poucas vezes na minha vida. Eu me senti como se estivesse no meu país, eu me senti como se fosse brasileiro, não sei. Foi incrível. Agradeço do fundo do meu coração”, disse logo depois.

Já Del Potro, cuja trajetória no torneio pode ser considerada heroica, contou depois de receber a medalha de prata que chorou em todos os jogos. O tenista argentino luta há anos contra contusões – passou por três cirurgias no pulso esquerdo –, e não imaginava que poderia chegar tão longe nos Jogos Olímpicos.

“A torcida foi me empurrando. Foi como um sonho. Nunca vi nada parecido em outras quadras, outros torneios. O público ajudou a fazer um torneio incrível e merecia ver um bom tênis da nossa parte”, contou o argentino, sem tirar a medalha do pescoço.

REUTERS/Toby Melville
Rafael Nadal revelou o choro após a medalha de ouro no torneio de duplas da Rio-2016 imagem: REUTERS/Toby Melville

Número 5 do mundo, o espanhol Rafael Nadal foi outro que transformou sua participação nos Jogos em uma epopeia emocionante. O tenista chegou ao Rio ainda sem ter certeza se poderia jogar, por conta de uma lesão no pulso esquerdo. “Não estou 100%. Se fosse qualquer outro torneio, não jogaria”, disse.

Nadal participou do torneio de simples e de duplas. Jogou duas partidas por dia quatro vezes. Eliminou o brasileiro Thomaz Bellucci em uma partida emocionante e duas horas depois entrou em quadra novamente para vencer a medalha de ouro em duplas com o compatriota Marc López. E chorou. “Joguei com muita paixão, pode ser minha última vez nos Jogos Olímpicos”, disse.

Mas a maior surpresa foi mesmo Murray. Frio, o tenista britânico deixou aflorar a emoção já ao ser escolhido para levar a bandeira da Grã-Bretanha na cerimônia de abertura. “Significou muito para mim”, disse o escocês. “Fiquei muito honrado. Me emocionou  muito”, disse. 

Ao final da batalha de quatro horas contra Del Potro, que rendeu a Murray o inédito bicampeonato olímpico, o tenista voltou a chorar. “Fiquei muito emocionado no fim do jogo”, contou, quase sem forças para falar.

O choro também atingiu a dupla suíça Martina Hingis e Timea Bacsinszky, medalha de prata após derrota na decisão contra as russas Elena Vesnina e Ekaterina Makarova.

"Me emociono muito, por diversas razões. Timea estava chorando, eu também me emocionei. Somos uma equipe, chegamos muito longe e nos emocionamos. Se os Jogos Olímpicos não te emocionam, o que pode te emocionar?", questionou Hingis. 

Veja momentos da final épica entre Murray e Del Potro

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