"Arena-problema", velódromo olímpico coleciona recordes na Rio-2016

Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
Getty Images
Gideoni Monteiro é único ciclista brasileiro competindo no Velódromo da Rio-2016

O velódromo Olímpico foi a "arena-problema" da preparação do Rio para a Olimpíada. A obra atrasou, custou mais do que o esperado e só completamente concluída dias antes do início dos Jogos.

Quando as competições começaram, entretanto, a instalação virou a “queridinha” da organização da Rio-2016. Isso porque, na pista de ciclismo da instalação, 26 recordes olímpicos ou mundiais foram batidos em quatro dos seis de provas programadas para a instalação.

A título de comparação, no velódromo de Londres, foram quebrados 20 recordes olímpicos ou mundiais durante todos os Jogos Olímpicos de 2012 –seis a menos do que o balanço parcial da Rio-2016. A competição acaba na quarta-feira (16). Já em Pequim-2008, a pista de ciclismo serviu para a quebra de quatro recordes --todos foram olímpicos.

No velódromo do Parque Olímpico, o recorde mundial da prova de perseguição feminina já foi quebrado quatro vezes. Na quinta-feira (11), primeiro dia de competições na pista, a equipe feminina do Reino Unido cravou uma nova marca. No sábado, essa marca foi quebrada pelo time dos Estados Unidos. Minutos depois, a mesma equipe do Reino Unido retomou o recorde melhorando seu tempo. Essa equipe voltou à pista horas depois. Baixou ainda mais o recorde mundial da prova.

Ao todo, das dez provas de ciclismo de pista que compõem o programa olímpico, três já têm recordes mundial vigentes obtidos na pista do Rio. Dos dez recordes olímpicos vigentes para essas mesmas provas, sete foram cravados no Velódromo da Rio-2016.

“Realmente é uma rápida”, afirmou o diretor de Pista do UCI (União Internacional de Ciclismo, na sigla em inglês), Gilles Peruzzi, sobre o velódromo. “A construção da arena realmente foi problemática, mas a pista foi feita com o que há de melhor. Isso ajuda a explicar os resultados. ”

Peruzzi trabalha na arena de ciclismo durante a Rio-2016. Disse que é na natural que na Olimpíada bons tempos sejam registrados já que os melhores atletas do mundo estão competindo. Para Peruzzi, contudo, o número de recordes obtidos no no Rio é considerável. Pode até chegar a 28 ou 30 nos próximos dois dias de provas.

Pista lisa e curva inclinada

O ciclista britânico Jason Kenny já ganhou duas medalhas de ouro no Velódromo da Rio-2016. Também quebrou dois recordes olímpicos na pista (200 metros com saída lançada e prova de sprint). Ele elogiou a arena de ciclismo e também a atmosfera de competição da Olimpíada do Rio.

“A pista é lisa e rápida. As curvas são inclinadas e a transição para a reta é suave. Isso ajuda”, afirmou Kenny, no domingo. “A temperatura também está adequada e ajuda a baixar tempos.”

Em provas de ciclismo, a temperatura das arenas é geralmente mantida entre 27ºC e 29ºC. Isso deixa o ar dentro mais rarefeito, reduzindo atrito e melhorando performances.

O australiano Matthew Glaetzer confirmou a questão da temperatura e os elogios ao velódromo. Lembrou que a pista do Rio é nova, o que geralmente faz com que a madeira seja um pouco mais áspera. Com o tempo, ela tende a ficar mais lisa e colaborar para obtenção de tempos ainda mais baixos. “Espero que a mantenham bem”, complementou.

O velódromo custou R$ 137,7 milhões ao governo federal e Prefeitura do Rio –R$ 25 milhões a mais do que o esperado. A obra deveria ter ficado pronta em dezembro de 2015. Só foi entregue inaugurado em junho. Ainda neste mês, contudo, obras em bares e outras áreas  ainda não tinham sido concluídas.