Olimpíadas 2016

Rosângela se divide entre sonho de ser mãe e pressão para seguir carreira

REUTERS/Gonzalo Fuentes
Rosângela Santos no bloco de partida: cena pode não se repetir após os Jogos Olímpicos Rio-2016 imagem: REUTERS/Gonzalo Fuentes

Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

Sem papas na língua, Rosângela Santos não pensa duas vezes na hora de dar entrevista. Espontânea, fala o que pensa e revela todos os seus pensamentos. Não esconde nada. Foi assim no último sábado (13), na pista do Engenhão. Eliminada na semifinal dos 100 m rasos nos Jogos Rio-2016, disse que essa competição não lhe pertence e admitiu encerrar a carreira após a frustração olímpica. A decisão, no entanto, não será tão fácil e esbarra em dúvidas dentro de casa para ser tomada.

De um lado, uma atleta que não aguenta mais o alto preço de treinamentos e sonha em ficar distante das pistas para ter uma vida normal. Na cabeça, a ideia de ser mãe e diminuir a distância de amigos e família.

“Minha vida está passando. Não sei se quero perder esse tempo todo. Quero ser mãe, aproveitar. São quatro anos abdicando de tudo para algo que não é meu. Olimpíada não é mais para mim. Ser finalista em Pequim [2008] talvez foi tudo que eu pudesse ter”, disse a velocista.

Do outro lado, uma Rosângela que deixa o discurso firme de lado e admite um certo receio da repercussão da decisão de parar em casa.

“Se eu chegar com essa ideia na minha casa, minha tia vai me bater. Certeza. Ela vai mandar eu parar de palhaçada, vai dizer que eu preciso continuar treinando e ir para Tóquio em 2020. Mas não sei mesmo, vou pensar. Ano que vem tem Mundial, posso estar, posso não estar”, comentou a dividida atleta.

Por enquanto, a única prova que Rosângela está garantida é a disputa do revezamento 4x100 m com a equipe brasileira para fechar a participação nos Jogos. E só depois ela resolverá seu dilema em casa. Até a prova, ela só quer saber de dormir. E tirar um peso que vinha a incomodando.

“É muita pressão. Deixa isso passar. Só preciso de uma noite de sono. É isso que quero agora. São quatro anos sonhando com uma final olímpica e ela não vem. É uma faca no peito. Na hora, ali, a emoção mistura tudo. O problema sou eu. Minha maior adversária sou eu. Eu preciso relaxar mais. Depois pensarei em revezamento, em futuro, em tudo”, finalizou a sincera Rosângela.

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