Maratona feminina vira palco de protestos e invasões contra Michel Temer
Pedro Ivo Almeida e Rodrigo MattosDo UOL, no Rio de Janeiro
A maratona olímpica feminina, realizada neste domingo (14), virou palco de protestos contra o presidente interino Michel Temer. Foi a primeira vez durante os Jogos que aconteceu um ato organizado contra o mandatário - anteriormente, as manifestações haviam sido individuais.
Cartazes contra o presidente foram vistos espalhados durante o percurso de pouco mais de 40 km. Alguns apresentavam a frase em inglês "no coup in Brazil" ("não ao golpe no Brasil", na tradução para o português). Também ocorreram duas invasões de manifestantes na entrada da Avenida Marquês de Sapucaí - reta de chegada da prova. Um deles cruzou rapidamente a pista e não apresentou maiores dificuldades para a segurança, o outro foi retirado pela Força Nacional, que informou não ter havido detenção.
Procurados pela reportagem, os organizadores do ato afirmaram que a ideia não era a de entrar na pista e sim marcar posição contra o governo atual. "Mas tem gente que se empolga", explicaram.
Devido aos protestos, a segurança foi reforçada na chegada da maratona, no final do sambódromo. A polícia mostrava preocupação elevada também com a comunidade próxima ao local, no morro do São Carlos, na região do Catumbi. Um helicóptero, a todo instante, sobrevoava o trecho.
Sem se preocupar com os protestos, Jemima Jelagat Sumgong, do Quênia venceu a prova ao completar o percurso em 2h24min04.
A campeão olímpica reparou a entrada do manifestante na pista. Afirmou que inicialmente ficou assustada e lembrou de Londres-2012, quando também houve um protesto no meio da maratona. "Eu fiquei assustada porque poderia agarrar a mim ou a uma das minhas colegas", contou. "Depois não fiquei preocupada porque tinha policiais", completou ela. Segundo Sumgong, não houve abalo para sua corrida por conta da presença do invasor.
A medalhista de prata Kirwa que estava perto de onde houve a invasão também adotou discurso similar. "Não estávamos preocupadas porque tinha policiais em volta".