"Nunca sonhei com algo tão grande", diz 1ª nadadora olímpica dos E. Árabes
Guilherme Costa e Luis Augusto SimonDo UOL, no Rio de Janeiro
A Rio-2016 apresentou uma sequência de surpresas para Nada Albedwawi, 19. A atleta soube a meses do evento que seria a primeira representante dos Emirados Árabes Unidos em uma prova olímpica de natação. Teve quatro semanas para se preparar para competir e ainda descobriu em cima da hora que seria a porta-bandeira da sua nação. Nesta sexta-feira (12), depois de ter nadado os 50 m livre em 33s42 e de ter obtido a 78ª posição entre 88 competidoras, ela admitiu que a estreia em Jogos incrementou a lista de choques positivos dos últimos dias.
“Sempre pensei em estar nos Jogos Olímpicos, mas nunca sonhei com algo tão grande. Fiquei nervosa com toda a energia daqui”, contou Albedwawi. A nadadora foi inscrita na Rio-2016 por causa de um convite, o que explica o tempo ruim e a preocupação zero dela com isso: “Estou muito feliz com tudo que aconteceu aqui. O resultado é o de menos diante do que isso representa”.
O “isso” que representa muito, no caso de Albedwawi, é uma referência ao contexto nacional. A natação está longe de ser um esporte popular nos Emirados Árabes. Para uma mulher, então, a participação em uma edição de Jogos Olímpicos é um feito ainda mais inusitado na cultura local.
“Eu treino sozinha, e o meu país não dá muita atenção para a natação. Espero que quando voltar isso mude um pouco”, relatou a nadadora. “Espero servir como inspiração para as mulheres que vivem por lá, principalmente no esporte”, completou.
Como foi convidada, Albedwawi teve de esperar até a última hora para saber se teria vaga em uma das baterias dos 50 m livre da Rio-2016. Soube a dias do evento que sua participação estava confirmada, e a partir disso teve apenas quatro semanas para treinar.
“Nossa situação é muito complicada nesse sentido. Não treinamos em uma piscina olímpica, e eu não tinha ideia de como era nadar nessa distância”, explicou a atleta.
Em 2015, Albedwawi já havia derrubado uma barreira ao se tornar a primeira representante dos Emirados Árabes em uma edição do Mundial de esportes aquáticos. Na Rio-2016, porém, a atleta foi além da participação: escolhida para ser porta-bandeira, simbolizou o orgulho nacional na cerimônia de abertura. A delegação dos Emirados Árabes na Rio-2016 conta com apenas 13 atletas.