Brasil cai na prorrogação, perde da Argentina e terá de torcer por "eles"
Fábio Aleixo e José Ricardo Leitedo UOL, no Rio de Janeiro
O Brasil lutou, mas, mais uma vez, não teve sucesso contra seu grande algoz. Apesar de um péssimo desempenho no primeiro quarto, a seleção brasileira se recuperou e dominou toda partida, mas, no final, acabou vacilando em momentos cruciais, deixou os rivais empatarem e, depois de duas prorrogações, acabou derrotada para a Argentina por 111 a 107, ficando em situação delicada para conseguir uma vaga nas quartas de final dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Inspirados, Nocioni e Campazzo foram decisivos na vitória argentina. O primeiro somou 37 pontos, sendo oito bolas de três pontos; o segundo anotou 33, com 50% de aproveitamento nos chutes atrás da linha.
A derrota, apesar de péssima, não significa eliminação imediata ao Brasil, já que ainda há uma partida contra a Nigéria e uma combinação de resultados pode salvar a equipe brasileira.
O Brasil teve muita dificuldade contra a Argentina no primeiro quarto. Apesar de Nenê começar bem, com seis pontos dentro do garrafão, eram os hermanos que tinham maior facilidade no setor ofensivo.
A defesa de perímetro do Brasil não funcionava, e a Argentina, com a pontaria muito calibrada, abusou dos lances de três pontos, que fizeram a diferença. Com seis conversões de dez tentativas, a seleção argentina conseguiu abrir boa vantagem e terminou o período com uma vantagem de nove pontos: 28 a 19. Nocioni foi o grande destaque, com 12 pontos e dois rebotes.
BANCO FUNCIONA, E BRASIL CONSEGUE VIRADA
Sem funcionar no primeiro quarto, Rubén Magnano optou por mexer na equipe que estava em quadra e apostou nas entradas do ala-pivô Guilherme Giovannoni e do ala-armador Vítor Benite. E as alterações deram muito certo. Com uma boa sequência de ataques, após desperdícios na parte ofensiva da argentina, os dois viraram a placar e mudaram a história do jogo. Com boas infiltrações e grandes arremessos de três pontos, Giovannoni e Benite somaram para 26 pontos, sendo dez do ala-pivô e 13 do armador. Ao final do período, vitória parcial brasileira por 52 a 44, com incríveis 33 a 16 neste quarto.
APAGÃO BRASILEIRO E ESPERANÇA HERMANA
Apesar de uma grande vantagem no placar, o Brasil não soube ter tranquilidade para matar o jogo e ficar confortável no último período. Com Leandrinho muito abaixo da média, a seleção errou muito e proporcionou vários momentos de contra-ataque aos argentinos, que emplacaram uma sequência de 11 a 0 no terceiro quarto e viraram o placar para 63 a 62. Isso tudo com Scola e Ginobili, dois dos principais jogadores, no banco de reserva.
Se pelo lado brasileiro era Leandrinho que não tinha uma boa atuação, pelo lado dos argentinos foi Gabriel Deck que deixou a desejar. O ala errou praticamente tudo na parte ofensiva e o Brasil, com Nenê em ótima forma dentro do garrafão, soube aproveitar. Com 64% de acerto do pivô brasileiro, a seleção ainda conseguiu terminar em vantagem: 72 a 67.
EMPATE E PRORROGAÇÕES
QUEBRA DE PROTOCOLO POR UM BOM MOTIVO
Brasil e Argentina quebraram um protocolo antes de a bola subir. Mas foi por um bom motivo. Além das bandeiras entrarem juntas na quadra da Arena Carioca 1, Marcelinho Huertas e Luis Scola, capitães das duas equipes, pediram paz entre os torcedores nas arquibancadas.
"Boa tarde. Estamos aqui para falar em nome de Brasil e Argentina. Somos irmãos sul-americanos. Viva o espírito olímpico", declarou Huertas com o microfone em mãos. "Em nome de todas as equipes, queremos um espetáculo esportivo com respeito e civilidade", completou Scola. O hino nacional da Argentina, que costuma ser vaiado nas arquibancadas, foi muito respeitado.
A MATEMÁTICA DA CLASSIFICAÇÃO:
Brasil - para entrar em quarto lugar, precisa vencer a Nigéria e torcer por derrota espanhola
Nigéria - para entrar em quarto lugar, precisa vencer o Brasil e torcer por derrota croata
Espanha - se vencer a Argentina, entra em segundo lugar independente dos outros jogos; se perder, será: eliminada caso o Brasil tenha vencido; terceira, caso Nigéria e Lituânia vençam; quarta colocada caso Nigéria e Croácia vençam
Argentina - está classificada, mas pode ocupar todas as posições do grupo. Se vencer a Espanha, entra em primeiro (caso Croácia vença o último jogo) ou segundo (caso Lituânia vença); se perder seu jogo, a Argentina será terceira (caso Lituânia vença) ou quarta colocada (caso Croácia vença)
Lituânia - está classificada e não é afetada pelos outros jogos. Se bater a Croácia, será primeira do grupo; se perder, será a terceira
Croácia - se vencer a Lituânia, entra em primeiro ou segundo lugar; se perder, no entanto, será: eliminada caso a Nigéria tenha vencido o Brasil; terceira, caso Brasil e Argentina vençam; quarta colocada caso Brasil e Espanha vençam