Tenista "Pica Power" recusou os EUA e faz história por Porto Rico
Ser fiel às raízes e até recusar convites para defender os Estados Unidos, a maior potência do planeta. Este é um dos lemas adotados por Monica Puig, tenista portorriquenha que está na final da Olimpíada do Rio de Janeiro e buscará neste sábado a primeira medalha de ouro da história da pequena ilha caribenha em todas as edições dos Jogos Olímpicos.
Ainda que não consiga, Puig - cujo apelido no circuito mundial é Pica Power - já escreveu um capítulo importante na história esportiva do país. Ao vencer a tcheca Petra Kvitova por 2 sets a 1 (6/4, 1/6 e 6/3) garantiu ao menos a prata e se tornou a primeira mulher de Porto Rico obter uma medalha. Na decisão pelo ouro ela enfrentará a alemã Angelique Kerber, número 2 do mundo, que venceu a norte-americana Madison Keys nesta sexta.
"Quando estou com as cores de Porto Rico, tenho certeza que sou uma outra jogadora. Me motivo mais. Sempre será uma prioridade representar Porto Rico", disse Puig, que ocupa atualmente a 34ª posição do ranking mundial.
A tenista de 22 anos nasceu em San Juan, mas desde um ano de idade vive em Miami. Mudou-se tão cedo para os EUA pois seu pai, um engenheiro, foi transferido de seu trabalho em Porto Rico para uma filial na Flóirida. Foi lá que Monica começou a praticar o esporte quando tinha seis anos e ao longo do tempo recebeu propostas da USTA (federação americana da modalidade) para representar o país no circuito mundial.
"Tive convites, mas sou muito fiel à onde nasci, de onde vim. Sou muito latina. Amo Porto Rico com todo coração e enquanto jogar tênis, vou seguir representando Porto Rico", afirmou após vencer a sua semifinal olímpica.
A opção de Monica é oposta a adotada por dois grandes tenistas que defenderam os EUA mas nasceram na ilha caribenha: Charlie Pasarell, que integra o Hall da Fama do Tênis, e Gigi Fernandez, que possui duas medalhas de ouro em Olimpíadas (1992 e 1996) e foi número 1 do ranking mundial de duplas.
"Conheço os dois. São grandes campeões e já me ajudaram muito", disse quando questionada sobre ambos.
A tenista, entretanto, reconheceu que por viver há muito tempo nos Estados Unidos não sabe cantar bem o hino do país e não sabe se o conseguirá fazer no pódio caso ganhe o ouro. Mas garante: "Com certeza eu estarei chorando".
"Quero muito ganhar este ouro. Sei o que vim buscar aqui agora que cheguei na final", disse a jogadora que no ano passado no Pan-Americano de Toronto ficou com o bronze. Ela também disputa os Jogos Centro-Americanos, competição bem menor e que também não vale pontos no ranking mundial. Tudo pelo orgulho de ser portorriquenha.