Polo Aquático

Polo do Brasil que não vencia desde 1968 vira surpresa graças a importados

Sergei Grits/AP
Sérvio naturalizado brasileiro, o goleiro Soro é o melhor goleiro dos Jogos Olímpicos imagem: Sergei Grits/AP

Bruno Doro

Do UOL, no Rio de Janeiro

Primeiro foi a Austrália. Depois, o Japão. Na última quarta-feira (10),  a seleção masculina de polo aquático do Brasil enfrentou a Sérvia, atual campeã mundial, europeia e da Liga Mundial, e conseguiu seu resultado mais expressivo na modalidade, batendo os europeus por 6 a 5.

O time brasileiro, que joga nesta sexta-feira (12) contra a Grécia às 19h30, está classificado para a segunda fase pela primeira vez na história e virou a sensação dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Mas como uma equipe que não vencia uma partida olímpica desde 1968 e que não se classificava para os Jogos Olímpicos há 34 anos vive uma reviravolta assim? As respostas da pergunta não nasceram por aqui.

Primeiro, o técnico é um croata que já conquistou quatro medalhas de ouro olímpicas e é considerado o melhor de todos os tempos. Ratko Rudic chegou ao país em 2012 justamente para criar um time competitivo em 2016. “Aceitei esse projeto para montar um time que pudesse representar bem o país que iria organizar as Olimpíadas. Mas nunca imaginei que a torcida seria assim”, admite Rudic.

Depois, vem os jogadores. O Brasil conta com cinco atletas que não foram formados em piscinas brasileiras. Três deles são os grandes destaques do time até agora. Slobodan Soro, que aprendeu a cantar o hino do Brasil via Youtube, foi campeão mundial pela Sérvia, se naturalizou no ano passado e é o melhor goleiro da Rio-2016 até agora, somando 38 defesas em três jogos – seu rival mais próximo pegou nove bolas a menos. Outro caso é o croata Josip Vrlic, no Brasil desde o ano passado. Considerado um dos maiores centrais do mundo, ele é o vice-artilheiro da Olimpíada, com sete gols – um a menos do que o grego Angelos Vlachopoulos.

A equipe conta ainda com três estrangeiros. Adrià Delgado, filho de uma brasileira que nasceu na Espanha e defendeu a seleção europeia nas categorias de base, que lidera uma das estatísticas da Rio-2016. Além dele, Paulo Salemi é italiano, filho de brasileiros, e Ives Gonzalez, é cubano, casado com uma brasileira. Melhor jogador da Liga dos Campeões da Europa, Felipe Perrone nasceu no Rio de Janeiro, mas até o último ciclo olímpico, defendia a Espanha.

“Com todo o respeito, e sem desrespeitar ou supervalorizar ninguém, temos jogadores que podem ganhar de qualquer um. Contra a Sérvia, hoje (quarta-feira), foi assim. Entramos com disciplina, concentração e confiança, usando um plano tático muito bem definido e ganhamos uma partida histórica para o Brasil”, resumiu Rudic.

A estratégia não é bem vista por parte da comunidade internacional. O maior crítico é Tony Azevedo, capitão da seleção dos EUA que nasceu no Brasil. Ele foi procurado para mudar sua cidadania esportiva, mas recusou. Apesar não discutir os casos de Perrone, Salemi, Delgado e Ives, pela ligação com o Brasil, ele discorda principalmente da chegada de Soro e Vrlic. “Não precisava destes gringos", disparou. “Os jogadores brasileiros são muito fortes e tem muitos jovens que são bons e poderiam ajudar à equipe”, afirmou o veterano.

 

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