Empresa irlandesa admite cessão de ingressos da Rio-2016 a executivo preso
Hanrrikson de Andrade e Vinicius KonchinskiDo UOL, no Rio
A Pro10, empresa autorizada pelo Comitê Olímpico da Irlanda a vender ingressos da Rio-2016, admitiu nesta sexta-feira (12) ter cedido bilhetes ao executivo irlandês Kevin James Mallon, ligado à firma britânica THG Sports. Mallon foi preso na última sexta (5), no Rio, por suspeita de integrar uma quadrilha internacional de cambismo.
O repasse dos ingressos da Pro10 para Mallon foi revelado pelo UOL Esporte na quinta (11). A reportagem teve acesso a uma carta enviada pela Pro10 ao Comitê Rio-2016, na qual a empresa solicita a entrega de seus bilhetes a Mallon. Na correspondência, a Pro10 menciona a numeração dos documentos pessoais do executivo. Não informa, contudo, se ele é diretor da THG, cujas atividades no Brasil já vinham sendo monitoradas pelo Comitê Organizador por suspeitas de cambismo.
A Pro10 emitiu comunicado nesta sexta. Nele, a empresa alega ter autorizado Mallon a fazer "somente a coleta" dos ingressos. Diz ainda que as entradas já haviam vendidas pela própria Pro10. De acordo com a empresa, cessões desse tipo são legais e realizadas por várias outras empresas credenciadas para venda de bilhetes.
"É prática normal para ATRs [empresas autorizadas para venda de ingressos] ter muitos bilhetes disponíveis no Rio de coleta e venda através dos processos autorizados em tempo de Jogos Olímpicos. Muitos ATR de têm vários milhares em vez de centenas."
A Polícia Civil apreendeu 813 ingressos que estavam com Mallon. Muitos deles eram ingressos nominais à Irlanda. Isso indica que os bilhetes eram os da Pro10, já que a empresa foi autorizada pelo Comitê Olímpico Irlandês para venda de entradas.
No comunicado emitido nesta sexta, a empresa ainda afirmou que está colaborando com as investigações e discutindo o assunto com seus advogados.
O Comitê Olímpico da Irlanda informou que está investigando a venda ilegal de ingressos reservados à entidade. Em nota divulgada na quinta-feira (11), o órgão sugeriu que empresas autorizadas a vender ingressos que tenham fornecido bilhetes a cambistas sejam punidas pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).
O Comitê Rio-2016 e o COI (Comitê Olímpico Internacional) informaram que acompanham e apoiam o trabalho da polícia do Rio. Os órgãos disseram que não falarão sobre culpados e possíveis punições enquanto a investigação não for concluída.
O advogado da THG e de Kevin Mallon, Franklin Gomes, negou que a empresa ou seu diretor tenham cometido crimes no Brasil. Gomes disse que a empresa vendia pacotes com transporte, hospedagem e serviços para interessados a assistir eventos dos Jogos Olímpicos do Rio. Esse pacote, entretanto, não incluía ingressos.
Gomes disse que a prisão de Mallon é injusta. Ele afirmou já estar recorrendo em busca da liberdade de seu cliente.