Judô

Atualizada em 12.08.2016 19h14

Egípcio se recusa a apertar mão de israelense após derrota no judô

Markus Schreiber/AP
Judoca Islam El Shehaby se recusa a cumprimentar israelense Or Sasson imagem: Markus Schreiber/AP

Bruno Doro

Do UOL, no Rio de Janeiro

Um incidente diplomático marcou o último dia do judô nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, quando o israelense Or Sasson venceu, por ippon, o egípcio Islam El Shehaby. O perdedor se recusou a apertar a mão do rival ao final do combate e tentou deixar a área de luta sem fazer a reverência tradicional da modalidade.

O público que estava na Arena Carioca 2 percebeu a atitude e vaiou muito o egípcio, que foi obrigado a voltar para a área e se curvar no tatame, como fazem todos os judocas após o combate. O gesto foi apenas protocolar: enquanto todos curvam-se em ângulos de até 90 graus, ele apenas fez um sinal com a cabeça.

Após o ocorrido, Or Sasson afirmou não ter se incomodado com o fato de não ter sido cumprimentado. “Para mim, não importa (o cumprimento). Sou profissional, e quando luto, só penso em lutar. Sabia que existia uma chance (de não haver o cumprimento). Judô é respeito e honra. É estranho, mas para mim, eu entro para ganhar todas as lutas”.

A Federação Internacional de Judô emitiu um comunicado oficial horas após o ocorrido e disse que irá avaliar a atitude do atleta egípcio. No entanto, a entidade destacou o fato de atletas árabes aceitarem enfrentar israelitas.

“Já é um grande avanço que os países árabes aceitem (lutar contra) Israel. Não há uma obrigação em apertar as mãos, mas a reverência é obrigatória. A atitude dele será revista após os Jogos Olímpicos para ver se alguma outra atitude deverá ser tomada”, declarou o porta-voz da entidade, Nicolas Messner, em entrevista à AP.

Nesta semana, o Comitê Olímpico Egípcio já havia dado uma declaração oficial sobre o tema, prevendo que alguma situação semelhante pudesse ocorrer. De acordo com a entidade que controla o esporte no país, os atletas poderiam decidir se apertariam ou não a mão dos adversários.

“Não haverá desistências. A delegação não permite que se misture política com esporte”, declarou o presidente do Comitê, Hisham Hatab.

O Ministro da Juventude e dos Esportes egípcio também descartou a chance de representantes do país desistirem da competição por possíveis confrontos contra israelenses.

“A política não deve ser misturada com esporte e a competição precisa ser aceita com todos, apesar de qualquer coisa”, declarou o político.

Este pode não ter sido o único incidente do tipo ocorrido com israelenses no judô da Rio-2016. No segundo dia de lutas, na categoria meio-leve feminino, a israelense Gili Cohen e a saudita Joud Fahmy estavam na mesma chave e podiam se encontrar nas oitavas de final. Fahmy, porém, não lutou em sua estreia, contra Christianne Legentil, da Mauritânia. A delegação da Arábia Saudita disse que a atleta estava afastada, mas o jornal Times of Israel publicou que o W.O. foi causado para que a atleta não enfrentasse uma israelense.

"Isso aconteceu hoje de manhã. Quero entender o que aconteceu e volto a questão", resumiu Mario Andrada, diretor de comunicação da Rio-2016 sobre possível punição ao egípcio.

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