"Fora Temer" e "fora PT" dividem arenas na Rio-2016 depois de liberação
Revogada a proibição a manifestações políticas na Rio-2016, gritos e protestos voltaram a ser ouvidos nas arenas que abrigam competições de basquete, voleibol e tênis, entre outras. Sem repressão militar ou policial, torcedores estão levando para as arquibancadas e tribunas o clima de polarização que marcou o país nos últimos meses.
Nem é necessário o Brasil estar em quadra para a disputa eclodir. Ao final da partida entre os times masculinos de basquete dos Estados Unidos e da Austrália, na noite de quarta-feira (10), a Arena Carioca 1 presenciou uma guerra de gritos. Começou, de um lado, com “Fora Temer!”, e foi respondido, de outro, com “Fora PT!”
As geógrafas Marina Figueiredo e Valeria Penchel estavam no primeiro grupo. "A gente primeiro se escondeu com medo de ser presa. Porque vivemos em uma ditadura, né? E a gente ficou com medo de perder o jogo. Mas agora podemos gritar: 'Fora, Temer'", disse Valeria. “Só tinha coxinha lá”.
O comportamento dos torcedores incomoda técnicos e atletas brasileiros. O tenista Marcelo Melo, disputando o torneio de duplas, reclamou: “A gente só fica chateado quando tem coisas fora do tênis. Quando mistura política ou futebol”.
Melo elogiou o enorme apoio da torcida que tem recebido, mas pediu silêncio aos torcedores que gritavam mensagens políticas na Quadra 1, durante uma partida : “Cada um tem seus políticos. A gente não vê o porquê de alguém gritar ‘fora Dilma’ ou ‘fora Temer’ em uma competição esportiva. Aqui é o momento tênis”.
No Maracanazinho, na noite de quarta (10), nos últimos pontos de Brasil e Japão, no vôlei feminino, um pequeno grupo começou a cantar “fora Temer”, mas outros espectadores reagiram com vaias e as manifestações pararam. José Roberto Guimarães não gostou: “Aqui não é lugar para isso”.
Na visão do técnico da seleção brasileira, o espaço para a política é outro: “Não posso concordar com isso. A Justiça foi infeliz quando deu permissão. Vão lá fora, vão na Praça XV, não precisa ser aqui dentro do ginásio”, disse. A capitã Fabiana concordou: “Acho que a gente tem de aproveitar o máximo desses 20 dias de espetáculos que são os Jogos. Infelizmente, sempre tem essas coisas que incomodam algumas pessoas. Acho que agora não é hora”.