Hipismo

Estrangeiros confundem treino militar com tiroteio e se apavoram no hipismo

Tony Gentile/Reuters
Membro da Força Nacional durante prova de adestramento imagem: Tony Gentile/Reuters

Daniel Brito

Do UOL, no Rio de Janeiro

O silêncio da prova de adestramento na tarde chuvosa de quarta-feira, dia 10, foi insistentemente interrompido por barulhos de tiros. Muitos tiros. Quem é do Rio ou conhece a região de Deodoro, onde está o centro de hipismo que recebe as provas da modalidade nos Jogos Olímpicos-2016, sabe que trata-se de uma região militar. É mais do que comum que haja som de armas de militares em treinamento.

Mas essa quarta-feira não era exatamente o melhor dia para que o exército pudesse treinar tiro próximo à arena de hipismo. Havia um clima de apreensão no ar durante toda a tarde. Jornalistas internacionais mal conseguiam se concentrar nas apresentações dos cavaleiros.

Por volta de 13h, o Comitê Organizador anunciara “um incidente próximo aos estábulos, em que, felizmente, ninguém se feriu”.

Rapidamente espalhou-se a informação de que tratava-se de uma bala perdida. A segunda bala perdida em quatro dias na mesma arena - no sábado, 6, um projétil fora encontrado na sala de imprensa.

O Rio-2016 demorou mais de quatro horas para prestar esclarecimentos. Neste período, a imprensa inglesa publicou a informação de que a segunda bala no centro de hipismo era proveniente de um tiroteio. Imediatamente, parte dos jornalistas europeus nas tribunas passou a acreditar que aquele som dos tiros que ecoava na arena durante as apresentações de adestramento era de um possível conflito na redondeza.

Um jornalista americano, ex-combatente no Vietnã, disse que aquele som trazia más lembranças para ele, quando deveria apenas pensar em esporte olímpico. Uma jornalista irlandesa gravou vídeo de um conjunto de seu país, mas preferiu não publicar nas redes sociais, porque os tiros tiravam a atenção da apresentação. Um grupo de repórteres da Alemanha relatou que durante a noite de terça-feira, 9, para quarta, 10, foi possível ouvir tiros com a mesma intensidade.

O clima era de medo e apreensão na tribuna do centro de hipismo na tarde de ontem. A apresentação da alemã Dorothee Schneider, com seu cavalo chamado Showtime, perdeu em importância, apesar de ter liderado o primeiro dia do adestramento, com 80.986 pontos, três a mais que a segunda colocada.

No início da noite, o general Luiz Eduardo Ramos, responsável pela segurança do complexo de Deodoro no Rio de Janeiro, foi convocado para explicar que a bala perdida era fruto de operação em busca do responsável pela primeira bala. E que os tiros ouvidos na tarde eram de treinamento. “Estamos aqui numa área militar. Temos 51 quartéis e o militar tem obrigação de se preparar. Na noite de terça-feira, havia tropas especiais, que estão sempre prontas para ser empregadas, realizando tiros. Não tem nada a ver com operações de segurança nas comunidades ao redor do centro de hipismo”, afirmou o general Ramos.

O militar prometeu encerrar as atividades de tiro enquanto as provas de hipismo forem realizadas. Para alívio da imprensa internacional.

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