Natação

Após frustração e insônia, Chierighini tenta ser líder da natação do Brasil

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Marcelo Chierighini, nadador brasileiro, comemora resultado na Rio-2016 imagem: AFP PHOTO / CHRISTOPHE SIMON

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Uma cena registrada depois das semifinais dos 100 m livre na Rio-2016 repercutiu até entre os nadadores brasileiros. Marcelo Chierighini, 25, tinha acabado de fazer o oitavo tempo da série, o que rendeu a ele uma raia na decisão da prova. Quando saiu da piscina, levantou os dois braços como se estivesse regendo o público e gritou seguidas vezes “Vamos!”. Como resposta, foi ovacionado. O momento de conexão entre atleta e público não rendeu uma medalha – o representante local foi apenas o oitavo na disputa que valia medalha –, mas consolidou um novo status para Chierighini: depois da frustração pelo resultado e de ter sofrido com insônia por causa disso, ele se diz pronto para liderar a natação do Brasil.

“Eu me identifiquei muito com a torcida. Foi uma energia bem legal que eu senti, e eu quero tentar passar isso para a galera. Me identifiquei muito, fiquei muito à vontade, e até os nadadores acharam bem legal. Acho que posso ser visto como um líder, sim”, disse o nadador brasileiro.

A discussão em torno de liderança na natação brasileira é especialmente relevante em função de uma troca de guarda que vem acontecendo na delegação. Cesar Cielo, grande nome da atual geração, não se classificou sequer para os Jogos Olímpicos deste ano. Outros atletas que estiveram na Rio-2016, como Joanna Maranhão, Jéssica Cavalheiro e Nicolas Nilo Oliveira, já anunciaram que vão se despedir da seleção após o evento.

“Como eu olhava para o Cesar [Cielo], o Nicolas [Nilo Oliveira] e a Flávia [Delaroli] quando cheguei à seleção, acho legal o pessoal me ver como líder. É bem legal isso. Eles me perguntam coisas, pedem dicas. O Gabriel [Silva Santos], do revezamento, por exemplo. Conversamos muito, e eu acho bem legal isso”, contou Chierighini.

Uma das demonstrações de liderança de Chierighini foi o comprometimento com provas coletivas. O melhor desempenho do nadador nos 100 m livre no Rio de Janeiro foi na abertura do revezamento 4x100 m livre – fez 48s12 na final em que o Brasil ficou com o quinto lugar. Ele ainda voltará à piscina nos Jogos para o revezamento 4x100 m medley, cuja final será disputada no próximo sábado (13).

Até lá, Chierighini terá de enterrar seus fantasmas. O nadador ficou muito abalado na última quarta-feira (10), depois da prova final dos 100 m livre. Desabou na área de imprensa do Estádio Aquático Olímpico, chorou muito e teve dificuldade para dormir.

“Eu saí daqui bem chateado. A sensação dentro era bem ruim. Queria ver minha família e até fui à arquibancada, mas não consegui encontrar com eles porque eles já tinham ido embora. Voltei para a Vila, tentei dormir, mas fiquei remoendo esse sentimento dentro de mim”, relatou. “Sei que era muito difícil, mas dentro de mim eu sabia que conseguiria se tivesse feito minha melhor prova e se se tivesse pego na veia. Não saiu, mas eu estou de cabeça erguida por ter nadado entre os oito melhores nas Olimpíadas”, encerrou o brasileiro.

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