Judô

Meta de medalhas do judô depende de vitória sobre melhores do mundo

JULIO CESAR GUIMARAES/UOL/NOPP
Tiago Camilo, durante performance na categoria até 90kg do judô imagem: JULIO CESAR GUIMARAES/UOL/NOPP

Bruno Doro*

Do UOL, no Rio de Janeiro

O judô fecha, nesta quarta-feira, seu quarto dia nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e só uma atleta brasileira, a leve (57kg) Rafaela Silva, subiu ao pódio. É pouco para o esporte que deveria ser o carro-chefe de medalhas do Brasil em sua Olimpíada.

Quando o COB (Comitê Olímpico do Brasil) fez o planejamento para que o país chegasse ao top-10 do quadro de medalhas, pensou em cinco medalhas vindas dos tatames. É um pódio a mais do que há quatro anos, quando Sarah Menezes, Felipe Kitadai, Mayra Aguiar e Rafael Silva voltaram condecorados da Inglaterra.

Nesta quinta e sexta, o Brasil tem ainda quatro atletas para lutar. Caso os meio-pesados Mayra Aguiar e Rafael Buzacarini e os pesados Rafael Silva e Maria Suelen Altheman cheguem ao pódio tudo estará resolvido. O problema é que conseguir 100%, após o desempenho nos primeiros dias, seria quase um milagre.

“Todo mundo esperava mais do judô brasileiro. E é justo por todo o talento que os atletas tem. Poderíamos ter escrito uma história diferente, mas não aconteceu. E agora os atletas não podem entrar nessa cobrança de dar o resultado para cumprir uma meta”, admite Tiago Camilo, duas medalhas olímpicas (prata Sydney-2000 e Pequim-2008) em quatro edições, eliminado nas oitavas de final de sua categoria.

“Os atletas têm que pensar em lutar como planejaram. Se entrarem nessa cobrança, não vão render o quanto poderiam. Grandes atletas caíram. Campeões olímpicos. Ficamos tristes porque o judô brasileiro é mais do que apresentamos aqui”, completou.

Um dos que está vivenciando essa pressão pela primeira vez é Buzacarini, que estreia em grandes competições pela seleção brasileira. Aos 24 anos, chega à Olimpíada sem nenhuma conquista expressiva: seu principal resultado é o vice-campeonato do Grand Slam de Paris, do final do ano passado. Não bastasse isso, cruza nas oitavas de final com o japonês Ryunosuke Haga, atual campeão mundial. Uma derrota custaria o pódio. Já Mayra Aguiar, atual campeã mundial, está do lado oposto da chave a sua grande rival, Kayla Harrison. Nos últimos anos, a dupla dominou os meio-pesados femininos.

Maria Suelen Altheman e Rafael Silva, a dupla de pesados, tem desafios parecidos: ambos podem encarar, nas quartas de final, os melhores de sua categoria para sonhar com o ouro. Ela é vice-campeã dos Mundiais de 2013 e 2014, mas, para se classificar para a semifinal, deve ter pela frente a cubana Idalys Ortiz, bicampeã mundial e campeã olímpica. Rafael Silva também está na mesma chave do francês Teddy Riner, seis vezes campeão mundial.

Antes deles, o Brasil queimou boa parte de suas fichas dos tatames. Defendendo o ouro de 2012, Sarah Menezes sofreu uma luxação no braço ao ser eliminada na repescagem. Também medalhista de Londres, Felipe Kitadai parou na mesma fase. Charles Chibana e Victor Penalber, que chegaram como esperanças, também não conseguiram disputar uma medalha. Érika Miranda, três medalhas em três Mundiais desde 2013, até chegou à luta do bronze, mas perdeu. Mariana Silva chegou à semifinal, mas duas derrotas seguidas a deixaram em quinto lugar em sua categoria.

Nesta quarta-feira foi a vez de Camilo. Um dos judocas mais vencedores que o Brasil já teve, ele se despediu das Olimpíadas no Rio de Janeiro com derrota nas oitavas de final. Aos 34 anos, ele planeja o adeus para o ano que vem.

O COB não quis comentar o desempenho abaixo do esperado na modalidade. “Não vamos falar em satisfação ou decepção, ordem é só falar sobre projeções, metas e resultados depois do dia 21. Não adianta ficar falando agora. Vamos deixar as equipes trabalharem”, declarou Marcus Vinícius Freira, superintendente técnico da entidade. Desde o início dos Jogos, a CBJ afirma que não estabeleceu número de conquistas como meta para a Rio-2016.

* Colaborou Pedro Ivo Almeida

Topo