! Rafaela fez tudo após o ouro. Menos entrar na lanchonete da Vila de Atletas - 10/08/2016 - UOL Olimpíadas

Judô

Rafaela fez tudo após o ouro. Menos entrar na lanchonete da Vila de Atletas

Bruno Doro e Leandro Carneiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

Entre os problemas que Rafaela Silva enfrentaria depois de ser campeã olímpica, a fome não era um que ela estava pronta para enfrentar. Pudera: uma pessoa que sente fome diariamente para se manter nos 57 kg de sua categoria nunca imaginaria que ficaria sem comer depois de chegar ao ápice de sua carreira.

Assim que subiu ao pódio dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, foi ovacionada pela torcida que cantou junto com ela o hino nacional, Rafaela desceu para falar com dezenas de jornalistas que a esperavam. Quando foi perguntada sobre o que queria fazer agora que era campeã olímpica, respondeu rápido: “Agora eu só quero comer. Estava segurando o peso”. Seu objetivo, ela disse, era conhecer a lanchonete da Vila dos atletas.

Não era para acontecer. Depois de sair da Arena Carioca 2, onde ganhou suas cinco lutas na Olimpíada, ela começou a maratona que todo medalhista olímpico brasileiro deve enfrentar. Primeiro foi aos estúdios da TV Globo, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca – a tempo do Jornal Nacional. Depois, foi a vez do estúdio do SporTV, montado em frente ao portão de entrada da sede dos Jogos.

Ela só chegou à Vila Olímpica perto das 3h da manhã, após participar de quatro programas diferentes. Sabe o que ela comeu nesse meio tempo? Dois hambúrgueres, comprados pela equipe de comunicação da CBJ (Confederação Brasileira de Judô) na lanchonete que atende aos jornalistas na Olimpíada.

A lanchonete da Vila, aquela que Rafaela está ansiosa para conhecer, estava fechada. E ainda não tinha aberto quando ela saiu, às 9h da manhã, para mais uma maratona. Rafaela foi para o Espaço Time Brasil, um pavilhão montado pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) em um shopping na Barra. Lá, mais entrevistas e fome. “Eu não consegui nada ainda. Só bebi água e suco. Acordei com o pessoal batendo no quarto, querendo abraçar, ver a medalha”.

Mas como vida de campeã olímpica é bem mais complicada do que todo mundo imagina, Rafaela não estava liberada para fazer o que quisesse após mais esse compromisso. Depois de deixar o espaço do COB, era hora de atender aos patrocinadores e mais jornalistas. O almoço foi rápido e lá foi ela para o centro do Rio de Janeiro, em um hotel, para dar mais entrevistas e se encontrar com representantes das empresas que bancam a CBJ. No dia seguinte, ela tinha agendadas dez entradas aos vivo na televisão, com Globo, SporTV, Band, Record...

Já tinham se passado 24 horas da conquista da medalha. E aquela lanchonete da Vila dos Atletas, em que ela poderia comer à vontade e não pagar nada, ainda estava longe da campeã olímpica.

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