Judô

Adotado por brasileiros, refugiado do Congo é eliminado da Rio-2016

Markus Schreiber/AP Photo
Popole Misenga agradece apoio dos brasileiros após vitória sobre Avtar Singh imagem: Markus Schreiber/AP Photo

Bruno Doro

Do UOL, no Rio de Janeiro

Popole Misenga subiu no tatame e a torcida na Arena Carioca 2 começou a gritar. Ele nasceu do outro lado do Oceano Atlântico, mas os brasileiros o acolheram como se fosse judoca da casa. Ele faz parte do primeiro time dos refugiados nos Jogos Olímpicos. Misenga veio da antiga República Democrática do Congo, chegou ao Brasil em 2013, rodou por favelas e passou fome até chegar à Rio-2016.

Nesta quarta-feira (10), venceu sua primeira luta olímpica. Contra Avtar Singh, da Índia, Misenga conseguiu um yuko no último minuto. Quando a luta terminou, virou-se para a arquibancada e fez um coração em retribuição ao apoio dos brasileiros. "Quando entrei no ginásio, pensei que não teria ninguém torcendo. Mas o Brasil inteiro estava torcendo por mim. Me emocionei. Senti que precisava vencer por eles", explicou.

Porém, na segunda luta do dia, o atleta não conseguiu superar o sul-coreano Donghan Gwak, número 1 do mundo e campeão mundial em Astana, no ano passado. Acabou derrotado por estrangulamento, dando adeus ao torneio e ao sonho de conquistar uma medalha olímpica. "Eu vou voltar. Quero continuar treinando e sei que é possível".

Após ser eliminado do torneio, Misenga celebrou o desempenho contra o campeão mundial e ressaltou a oportunidade dada por Geraldo Bernardes, coordenador do instituto Reação. “Se hoje estou aqui nesses grandes jogos do mundo, lutando com uma pessoa que é campeão do mundo, é porque sou aluno do Geraldo. O judô salvou minha vida, e o Geraldo me ajudou muito no passado e ainda ajuda. Ele é meu pai”, celebrou Misenga.

Ao lado de seu pupilo, Geraldo retribuiu o carinho demonstrado pelo atleta e exaltou o feito conseguido por Popole mesmo com preparação abaixo da de seus rivais na busca por uma medalha olímpica. “Foi um trabalho que realizamos no instituto Reação, o ciclo olímpico dele foi de quatro meses, lutando contra gente que treinou a vida inteira. Ganhar de um campeão mundial era quase impossível”, salientou o técnico.

Não faltam motivos para você torcer pelo time de refugiados na Rio-2016

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