Adotado por brasileiros, refugiado do Congo é eliminado da Rio-2016
Bruno DoroDo UOL, no Rio de Janeiro
Popole Misenga subiu no tatame e a torcida na Arena Carioca 2 começou a gritar. Ele nasceu do outro lado do Oceano Atlântico, mas os brasileiros o acolheram como se fosse judoca da casa. Ele faz parte do primeiro time dos refugiados nos Jogos Olímpicos. Misenga veio da antiga República Democrática do Congo, chegou ao Brasil em 2013, rodou por favelas e passou fome até chegar à Rio-2016.
Nesta quarta-feira (10), venceu sua primeira luta olímpica. Contra Avtar Singh, da Índia, Misenga conseguiu um yuko no último minuto. Quando a luta terminou, virou-se para a arquibancada e fez um coração em retribuição ao apoio dos brasileiros. "Quando entrei no ginásio, pensei que não teria ninguém torcendo. Mas o Brasil inteiro estava torcendo por mim. Me emocionei. Senti que precisava vencer por eles", explicou.
Porém, na segunda luta do dia, o atleta não conseguiu superar o sul-coreano Donghan Gwak, número 1 do mundo e campeão mundial em Astana, no ano passado. Acabou derrotado por estrangulamento, dando adeus ao torneio e ao sonho de conquistar uma medalha olímpica. "Eu vou voltar. Quero continuar treinando e sei que é possível".
Ao lado de seu pupilo, Geraldo retribuiu o carinho demonstrado pelo atleta e exaltou o feito conseguido por Popole mesmo com preparação abaixo da de seus rivais na busca por uma medalha olímpica. “Foi um trabalho que realizamos no instituto Reação, o ciclo olímpico dele foi de quatro meses, lutando contra gente que treinou a vida inteira. Ganhar de um campeão mundial era quase impossível”, salientou o técnico.