Por Rio-2016, brasileiro levantava de madrugada só para comer macarrão
Eduardo OhataDo UOL, no Rio de Janeiro
Todas as madrugadas a cena se repetia: o despertador tocava e Fernando Reis, 26, que dormia tranquilamente, despertava e, em cerca de meia hora, devorava um prato inteiro de macarrão, voltava para cama e dormia novamente.
Tudo fazia parte de um planejamento muito especial, a Olimpíada do Rio. “Aquela era uma das sete refeições que eu fazia diariamente na época em que tentava subir de peso”, contou Reis, relembrando como era difícil pegar no sono novamente no começo.
“Eu tinha que comer rápido, sem saborear a comida. Como naquela época tinha que fazer sete refeições diárias, se levasse uma hora em cada uma, imagine, ia fazer só isso na vida, e não sobraria tempo para os treinamentos”, contou.
O aumento de massa corporal do atleta foi de 45 kg. A dieta foi um dos ingredientes de um planejamento que catapultaram Reis da décima e última colocação no Pan de 2007, onde competiu na categoria até 94 kg, a bicampeão dos Jogos Pan-Americanos (Guadalajara-2011 e Toronto-2015) na categoria acima de 105 kg. Tudo o credenciou como o brasileiro com melhor currículo na modalidade agora na Rio-2016.
“Depois que o Fernando ficou na última colocação no Pan de 2007, eu o chamei e perguntei se queria parar ou se ia mesmo continuar”, conta Horácio Reis, pai de Fernando, também aficionado do levantamento de peso. “Ele disse que sim, então foi feito esse trabalho para chegar até aqui”.
O médico Thiago Ferreira, que trabalha com Reis desde o fim do ano passado, é contra a prática de acordar o atleta de madrugada para que ele coma carboidratos para ganhar peso.
“Comecei a trabalhar com ele em dezembro, e já o encontrei no peso atual. De toda a forma, sou contra isso de acordar de madrugada para comer”, argumenta Ferreira.
“Isso atrapalha a produção de hormônios importantes que necessita de períodos de sono ininterruptos, além de inibir a sua atuação”.
Doping russo
Sobre a suspensão de atletas russos do levantamento de peso acusados de doping, especialmente o campeão mundial e medalhista olímpico, Ruslan Albegov, Reis comemorou.
“Um a menos”, resumiu Reis. “Usar doping é errado, quem usar tem que ser punido. Duvido que eles passem por testes a cada duas semanas como acontece conosco”.