Judô

Brasileiro que compete pelo Líbano é desclassificado e se revolta no judô

Danilo Verpa/NOPP
Judoca Nacif Elias não aceita decisão do juiz e se revolta na Arena Carioca 2 imagem: Danilo Verpa/NOPP

Bruno Doro

Do Uol, no Rio de Janeiro

Brasileiro que está representando o Líbano nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Nacif Elias se revoltou após ser desclassificado na categoria até 81 kg do judô nesta terça-feira na Arena Carioca 2. Ele acusou seu rival argentino Emmanuel Lucenti de ter forçado sua eliminação.

“Treino muito e isso é catimba argentina. A federação internacional é uma vergonha. Sempre me prejudica. Eu abdiquei da minha vida para estar aqui. É uma vergonha”, disse em entrevista ao Sportv, carregando ainda mais na ironia. "Talvez receba uma suspensão de dois anos por reclamar".

Mais calmo, ele retornou ao tatame antes da luta do brasileiro Victor Penalber pelas oitavas de final da categoria e pediu desculpas ao público por sua atitude. Se não fizesse o ritual, poderia ser punido por dois anos pela Federação Internacional de Judô. Porém, ele manteve as críticas à decisão do árbitro.

"Eu treinei 4 anos pra estar aqui. Classifiquei por mérito. Nos 4 meses chorei, abdiquei e suei pelo ouro. Já tinha ganhado do argentino, do canadense. Como é que não fica triste e revoltado com decisão contestada? Duas vezes deu para ver a catimba. Ele já tinha programado isso. E conseguiu", disse, antes de fazer uma promessa. "Vou me tornar número 1 do mundo ainda. Pode escrever", disse.
 
A explicação oficial pela desclassificação é de que Nacif aplicou pressão contra o cotovelo do argentino quando tentava um golpe. Mesmo que não tenha sido intencional, o movimento é proibido e gera desqualificação.
 
Assim que os árbitros anunciaram a decisão depois de o argentino ter ficado caído no chão acusando dores, Nacif se revoltou, Gesticulando bastante, permaneceu no centro do tatame reclamando ostensivamente da marcação enquanto seu rival se levantou e caminhou lentamente para o vestiário.
 

Naturalização

 
Nacif Elias é naturalizado libanês desde 2013 e já representou o país em diversas competições internacionais ao longo dos últimos anos. Obteve o passaporte aproveitando-se do fato de seus bisavós terem nascido no país do Oriente Médio. A opção de trocar de pátria foi por causa das dificuldades encontradas no Brasil e até algumas desavenças com a Confederação Brasileira de judô (CBJ).

Depois de batalhar até o último minuto por uma vaga nos Jogos de Londres na categoria até 81 Kg e perdê-la para Leandro Guilheiro, a CBJ queria que ele subisse para a categoria até 90 Kg para o atual ciclo olímpico. Mas ele não quis fazer a mudança.

Neste período, Elias também estava sem patrocínio e com problemas para disputar competições pelo mundo. Então, veio a oferta da federação libanesa para a mudança de pátria. E ele não titubeou.

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