Brasil derrota Espanha em caldeirão que enlouqueceu até Gasol

Fábio Aleixo
do UOL, no Rio de Janeiro

O Brasil conseguiu um grande feito nesta terça-feira (09). Empurrada pelos torcedores que transformaram a Arena Carioca 1 em um verdadeiro caldeirão, a seleção brasileira derrotou a Espanha por 66 a 65 e conseguiu sua primeira vitória no basquete masculino dos Jogos Olímpicos Rio-2016. Pau Gasol, um dos principais jogadores do mundo, sentiu na pele a pressão da torcida tupiniquim, que o "marcou" durante toda partida e contribuiu para o desempenho abaixo da média do espanhol. 

Apesar de terminar como cestinha da partida, com 13 pontos, Gasol deixou a desejar. Converteu apenas quatro de nove tentativas em arremessos de dois pontos, aproveitamento de 44%, e errou as duas bolas que tentou guardar da linha de três pontos. Nos lances livres, foi pior ainda. Converteu apenas cinco de 12, com um aproveitamento baixo de 42%.

A segunda derrota complica a Espanha, que precisará vencer os próximos três jogos para seguir viva no torneio. Os espanhóis são os atuais campões europeus e ganharam a prata nas duas últimas Olimpíadas.

"Assim como foi contra a Lituânia, a torcida foi nosso 13º jogador", agradeceu o ala-pivô Rafael Hettsheimeir, logo depois da partida. "A equipe jogou bem, desde vestiário já estávamos motivados. A vitória foi importante para essa caminhada. O público apoiou muito a gente, estamos em casa. Sabíamos que era um jogo difícil e entramos muito fortes". 

Na próxima rodada, o Brasil enfrenta a Croácia, quinta-feira (11), às 14h15 (de Brasília), outra partida complicada para a seleção. Já a Espanha, grande favorita, enfrenta a Nigéria, no mesmo dia, mas às 19h.

Defesa do Brasil força muitos erros da Espanha no primeiro tempo

Alex Livesey/Getty Images
Defesa brasileira deu trabalho ao ataque espanhol

Não satisfeito com o começo da seleção na primeira partida, quando teve um desempenho abaixo do esperado no primeiro tempo contra a Lituânia, Rubén Magnano optou por entrar com duas novidades no time titular do Brasil. Marquinhos no lugar de Alex, e Augusto Lima na vaga de Rafael Hettsheimer. A Espanha começou com Gasol, Rudy Fernandez, Sergio Llull, Mirotic e Ricky Rubio.

Apesar de demorar para pontuar pela primeira vez - Augusto marcou os dois primeiros pontos já com dois minutos de jogo -, o Brasil mostrou segurança na defesa o que dificuldou o ataque da Espanha. Pressionados, os espanhóis tiveram apenas 33% de aproveitamento nos arremessos no primeiro quarto. Bem postada, a seleção brasileira trabalhou bem as transições e terminou com cinco pontos de vantagem: 18 a 13.

REUTERS/Jim Young
Gasol não teve vida fácil nesta terça-feira

No segundo quarto, a seleção brasileira teve trabalho para manter o mesmo ritmo na parte defensiva e, no começo, cedeu alguns pontos fáceis para a Espanha, além de cometer muitas faltas, o que fez o adversário ir para o lance livre diversas vezes.

Com bom aproveitamento nos lances livres, exceto por Pau Gasol, que sentiu a pressão da torcida e errou três de quatro batidos, e um erro claro da arbitragem, a Espanha chegou até a virar a partida, mas Guilherme Giovannoni, que entrou no final, conseguiu converter uma importante bola de três para devolver a liderança do placar ao Brasil, que terminou na frente do placar por 34 a 31.

Ao final do primeito tempo, ficou claro que a seleção espanhola teve uma dificuldade acima do comum para converter cestas pressionada pela defesa brasileira. Para se ter uma ideia, a rival insistiu muito nas bolas de três pontos, mas conseguiu converter apenas uma de oito tentativas. Quem também decepcionou foi Pau Gasol, com apenas cinco pontos.

Já pelo Brasil, Huertas terminou como cestinha dos dois primeiros quartos, com sete pontos. Outro fator importante para a vitória parcial da seleção verde-amarela foi o banco. Raulzinho, Felício, Benite, Alex, Giovannoni e Hettsheimer não decepcionaram, marcando 14 pontos, contra 13 do banco espanhol.

Espanha vira no fim, mas Brasil vence nos últimos segundos

O Brasil começou o segundo tempo de maneira arrasadora. Empurrada pela torcida, que compareceu em peso e transformou o ginásio em um verdadeiro caldeirão, a seleção marcou bem na defesa e aproveitou os contra-ataques com maestria para abrir nove pontos em vantagem: 42 a 33. No entanto, com boa vantagem no placar, a equipe verde-amarela relaxou na marcação e viu a Espanha marcar seis pontos seguidos, o que fez o técnico Rubén Magnano parar o jogo.

Gasol, muito pressionado pela torcida - que até criou gritos para atrapalhar o espanhol -, continuava sem entrar no jogo, e o Brasil aproveitava. Mesmo com o elevado número de faltas - mais uma vez estourou o limite e deu muitos lances livres aos espanhóis -, a seleção brasileira continuou atenta na marcação e efetiva no ataque, terminando a parcial com uma das maiores vantagens da partida, oito pontos, 53 a 45.

No último e decisivo quarto, a Espanha conseguiu apertar o ritmo contra o Brasil e, aos poucos, foi derrubando a ótima vantagem brasileira. A equipe comandada por Rubén Magnano sentiu cansaço e deixou os espanhóis virarem nos minutos finais.
 
Pau Gasol teve nas mãos as bolas do jogo, mas desperdiçou os dois lances livres e deu chance de um último ataque verde-amarelo. Com apenas cinco segundos no relógio, Marquinhos conseguiu converter um arremesso de dois, virou o jogo e fez o caldeirão brasileiro explodir em alegria com a vitória na Arena Carioca 1.
 

Análise

Blog Vinte e Um: Vitória dramática sobre Espanha é decidida, literalmente, por detalhes