! Micale ignora vaias em Brasília, mas admite luto em seleção após 2º tropeço - 08/08/2016 - UOL Olimpíadas

Futebol

Micale ignora vaias em Brasília, mas admite luto em seleção após 2º tropeço

Bernardo Gentile e Dassler Marques

Do UOL, em Brasília

Apesar de reação negativa de boa parte do público que lotou o Estádio Mané Garrincha neste domingo, em Brasília, o treinador Rogério Micale fez elogios aos torcedores presentes a Brasil 0 x 0 Iraque. Além de ignorar as vaias, ele procurou mostrar confiança em uma reação para seguir às quartas de final dos Jogos Olímpicos. Mas, após o segundo empate sem gols, aparentou algum abatimento e usou a palavra 'luto' para definir o clima. 

"Nesse momento, a matemática existe e só depende da gente. Uma vitória nos dá a classificação e continuamos confiando. Devemos desculpas ao povo de Brasília. Não conseguimos fazer nosso melhor futebol, consequentemente o povo que nos apoiou, apoiou muito, em poucos momentos ouvimos vaias. Eles empurraram a equipe o tempo todo. Isso gera o sentimento de que frustramos o torcedor, que lotou o estádio para apoiar a seleção brasileira e não conseguimos dar a resposta. É uma vitória simples que nos dá classificação e desde já espero que em Salvador a gente tenha a mesma recepção para fazer o primeiro gol e virar a página", comentou Micale. 

"Volto a falar pela torcida, dar parabéns, porque nos incentivou e cantou. Saio daqui satisfeito com a torcida, e gostaríamos de ter presenteado com algo melhor, o que esperamos em Salvador. O vestiário estava normal, com tristeza, porque os jogadores não gostariam de ter acontecido o resultado, mas é o momento de luto. Isso ainda cabe hoje, mas esperamos, conversamos sobre isso, que depende só da gente e que, a partir de amanhã, nos fortalecemos ainda mais. Até merecemos as críticas nesse momento e não fugimos disso. Todos esperavam resultado melhor e esperamos dar essa resposta em Salvador, e esperamos estar forte para conseguir a classificação", complementou o treinador. 

Ao ser perguntado se havia acabado a lua de mel com a torcida, que tinha grande expectativa na seleção, Micale respondeu: "em relação à lua de mel, não sei dizer, porque na verdade nós que trabalhamos no futebol nos preparamos para essas situações. Preferimos um convívio bom. Mas entendo que vocês (jornalistas) veem o jogo e têm que emitir as opiniões. Nós temos que estar preparados para assimilar as críticas quando são fundadas e tentar reverter a situação com trabalho e mudar um cenário negativo que nós mesmos criamos", disse Micale. 

Veja mais respostas do treinador brasileiro:

SOFRIMENTO CONTRA RIVAIS COM POUCA TRADIÇÃO
O futebol mundial evoluiu demais. Como falei anteriormente, todos têm informações livres, principalmente o futebol é muito estudado no mundo, e como se fechar. Construir é mais difícil que destruir. Se você pega uma equipe compactada, determinada, e você não consegue furar o bloqueio, precisa de uma finalização que entre para mudar. Lógico que vêm os questionamentos, precisamos de tempo para criar um perfil mais forte para esses momentos difíceis. Na seleção é difícil, mas acredito ainda. Precisamos trabalhar. Realmente hoje não é de qualquer forma que se faz futebol.

NEYMAR SOLTOU A BOLA DESTA VEZ
Neymar é um jogador experiente, que está adquirindo ritmo de jogo e sabe que a marcação sempre é muito forte em cima dele. Quando ele puxa três jogadores que muitas vezes o cercaram hoje, ele vai achar um companheiro em situação privilegiada. Ele fez essa situação muito bem, as finalizações é que acertamos pouco no gol. Finalizamos, mas não acertamos. Na medida em que o tempo passa e o gol não sai, a ansiedade aumenta e o erro vem com mais frequência. É natural. Importante que a gente controle, cada vez mais estamos adquirindo força. Conversando, trabalhando, porque só depende da gente. Uma vitória simples nos dá a classificação. 

MICALE ADMITE TRISTEZA
Estou triste, gostaria de ter prestigiado o torcedor com a vitória. Tenho um sentimento de confiança. Importante agora é estarmos forte mentalmente e pensando que precisamos passar dessa fase. Vamos lutar, vamos nos doar, que o torcedor de Salvador abrace a seleção. Não adiantaria ganhar de cinco, sete e sair no primeiro mata-mata. Continuamos na disputa pela medalha. Vamos resgatar a confiança nos jogadores. Eles estão tristes, sentem mais que qualquer pessoa e faremos um trabalho junto ao grupo de que a seleção pode dar essa resposta em Salvador. Acredito muito que ela vai acontecer.

TITE PODE AJUDAR AGORA?
Quem está à frente sou eu, o responsável por colocar a equipe em campo sou eu. O professor Tite respeita muito esses momentos, até porque é uma pessoa extraordinária. Quando eu acho necessário, não tenho receio em falar com ele. O Cléber (Xavier, auxiliar técnico) está aqui acompanhando. A responsabilidade é minha e não vejo por que qualquer tipo de interferência. Estamos trabalhando juntos e, se tiver oportunidade, porque está preocupado com outras situações, não temos problema em conversar sobre o futebol.

MUDANÇAS NO TIME?
Vou ter um tempo para avaliar isso, vamos verificar, conversar, mas não funcionou (mudar). Fiz as mudanças e continuou não funcionando, e as peças que tenho são as mesmas. Uma ou outra podemos falar, mas ocorreram as mudanças e todos que jogam na frente tiveram no mínimo 45 minutos para jogar, fora os que permaneceram. Não vamos transferir responsabilidades. Temos que melhorar nosso desempenho, achar o gol, fazer o gol, não dá para dizer. Vou esfriar a cabeça e pensar.

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