Olimpíadas 2016

Ledecky brilha no RJ e impõe dúvida de qual é o seu limite na natação

Julian Finney/Getty Images
Katie Ledecky exibe medalha de ouro conquistada nos 400m livre feminino imagem: Julian Finney/Getty Images

Guilherme Costa e Karla Torralba

Do UOL, no Rio de Janeiro

No último domingo (07), segundo dia da natação na Rio-2016, Katie Ledecky, 19, teve o embate que tem se tornado mais comum em sua carreira: distante das rivais desde o início dos 400 m livre, passou grande parte da prova concorrendo apenas com a linha imaginária que representa o recorde mundial. No fim, até a faixa virtual cedeu diante da norte-americana. Ledecky completou o percurso em 3min56s46 e baixou em quase dois segundos a melhor marca da história, que já era dela (3min58s57, feita em 2014). Afinal, existe limite para a nadadora que começou a assombrar os Jogos Olímpicos no Brasil?

Antes da “era Ledecky”, o recorde mundial dos 400 m livre caiu pouco mais de quatro segundos em 21 anos. A norte-americana Janet Evans, detentora da melhor marca do planeta em 1988, fez 4min03s85. Em 2009, a italiana Federica Pellegrini cumpriu a distância em 3min59s15.

Aí apareceu Ledecky. A norte-americana chamou atenção do planeta nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, quando ganhou a medalha de ouro nos 800 m livre. Ela tinha apenas 15 anos.

Dois anos depois, Ledecky estabeleceu seu primeiro recorde mundial nos 400 m livre. Tornou-se a segunda na história a nadar a distância abaixo de quatro minutos (fez 3min58s86). Com a marca feita no Rio de Janeiro, já abriu mais de dois segundos de vantagem para a melhor marca do planeta até o surgimento dela.

“Ver aquele 56 ao lado do 3 foi algo realmente bom, mas eu não fico pensando em metas e números. Bruce [Gemmell, técnico da nadadora] tem sido muito competente ao pensar nos objetivos, e eu tenho treinado com muita força para atingir as coisas que a gente coloca em perspectiva”, disse Ledecky.

Nos 800 m livre, o impacto de Ledecky é ainda mais contundente. O recorde mundial da prova caiu 3s entre 1988 (8min17s12 da norte-americana Janet Evans) e 2008 (8min14s10 da britânica Rebecca Adlington). Com a nova estrela dos Estados Unidos, já foram oito segundos de evolução. Ela anotou 8min06s68 em janeiro de 2016, numa competição em seu país.

Ledecky já estabeleceu 12 recordes mundiais (nos 400 m livre, nos 800 m livre e nos 1500 m livre, prova que não é olímpica). Também amealhou nove ouros em Mundiais de esportes aquáticos e já aglutinou três medalhas em Jogos Olímpicos (dois ouros e uma prata). O currículo é cheio, é verdade, mas nada chama mais atenção do que a vantagem que ela tem conseguido sobre as melhores marcas do passado.

“Ledecky é simplesmente a melhor atleta do mundo hoje. Em qualquer esporte, em qualquer gênero”, definiu o norte-americano Gary Hall Jr, dono de cinco medalhas olímpicas na natação, ao site “Huffington Post”.

A questão sobre Ledecky tem sido cada vez mais o limite de sua evolução. Nos 800 m livre, por exemplo, a nadadora já respondeu a algumas perguntas sobre a possibilidade de ser a primeira atleta da história a fazer a distância em menos de oito minutos.

Ledecky começou a nadar aos seis anos, influenciada pelo irmão mais velho. Desde então, mostrou sempre um extremo espírito competitivo. Gostava de treinar e competir com meninos – mais velhos, quase sempre. Gostava de desafios que a fizessem evoluir mais rapidamente.

Na realidade atual, apenas a tal linha imaginária representa para Ledecky o que eram os meninos mais velhos de outrora. A norte-americana ainda tem duas disputas individuais na Rio-2016: os 200 m livre nesta segunda-feira (08) e os 800 m livre, que serão na quinta (11).

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