Judô

Judô "nota cinco" já ameaça plano de top 10 do Brasil na Olimpíada

Marcelo Pereira/Exemplus/COB
Felipe Kitadai compete na Rio-2016 imagem: Marcelo Pereira/Exemplus/COB

Bruno Doro

Do UOL, no Rio de Janeiro

Sarah Menezes era campeã olímpica e, em 2016, tinha subido ao pódio em todas as competições que disputou. A Olimpíada do Rio de Janeiro foi a primeira em que não ganhou uma medalha. Felipe Kitadai, bronze dos Jogos de Londres-2012, também ficou pelo caminho. O mesmo aconteceu com Charles Chibana, ex-número 1 do mundo, e Érika Miranda, medalhista nos três Campeonatos Mundiais do ciclo olímpico.

Eram quatro atletas com chance de pódio. Mesmo assim, depois de dois dias de lutas, o judô brasileiro, dono de 19 medalhas olímpicas, segue em branco. O máximo que conseguiu até agora foi o quinto lugar de Érika. Sinal amarelo para a modalidade que, nos planos do esporte brasileiro, é peça-chave para um lugar entre os dez melhores do quadro de medalha dos Jogos Olímpicos.

Ao ser questionado sobre que nota daria para sua delegação até agora, Ney Wilson, coordenador da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), foi duro. “Nota boa no caso de alto rendimento é medalha. E nós não conquistamos nenhuma. Chegamos a só uma disputa de bronze. Eu diria que estamos entre [a nota] cinco e o seis. E vamos brigar para reverter o quadro nos próximos cinco dias”.

Não que o desempenho dos brasileiros esteja exatamente ruim. Chibana perdeu para o tricampeão mundial japonês Masashi Ebinuma. Felipe Kitadai, para dois atletas fortes da escola soviética. Nenhum deles era favorito em seus combates. Mas as mulheres poderiam ter ido melhor.

Sarah Menezes, por exemplo, perdeu nas quartas de final para Dayaris Mestre Alvarez, uma atleta que ela venceu cinco vezes seguida. E Érika Miranda, para a chinesa Yingman Ma, que nunca subiu ao pódio em Mundiais – e estava perdendo a 30 segundos do final. “Uma luta em que, faltando 30 segundos e com a vitória na mão, você falha é frustrante. Talvez ansiedade, talvez tenha se precipitado. Mas acabou pagando bem alto o preço em uma luta que, para nós, já era uma luta vencida“, contou a judoca. 

Até agora, o Brasil só ganhou uma medalha nos Jogos, a prata de Felipe Wu na pistola de 10m do tiro esportivo. Foi a primeira em 96 anos na modalidade, mas era uma conquista esperada, já que o atirador paulista era líder do ranking mundial. As equipes de vôlei, masculina e feminina, venceram. Das três duplas de vôlei de praia, só uma, Pedro Solberg e Evandro, perdeu na estreia. Mas ainda está viva na competição. O basquete masculino, que tem chances razoáveis de pódio, perdeu para a Lituânia. Mas, como com Pedro e Evandro, ainda é primeira fase e existe espaço para recuperação.

O judô também pode virar a mesa. Nesta segunda-feira, entra em cena a campeã mundial de 2013, Rafaela Silva. “Ela está muito motivada e é uma atleta que cresce competindo em casa. Ela usa a força da torcida, lida bem com os gritos. Tem tudo para ter um bom resultado”, avisa Wilson.

Depois dela, o judô ainda coloca em cena Mayra Aguiar (atual campeã mundial e bronze em Londres-2012), Tiago Camilo (duas medalhas olímpicas e um título mundial), Rafael Silva (bronze em Londres-2012) e Maria Suelen Altheman (duas vezes vice-campeã mundial) – sem contar Victor Penalber, bronze no último Mundial.

É um time de peso. Mas será que conseguirá atender às expectativas? O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) sonhava com cinco medalhas dos tatames para chegar aos 27 pódios necessário para o top 10 do quadro de medalhas. O Brasil já queimou quatro fichas.

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