Relatos das provas

Brasileira da canoagem fica fora da final, chora e é consolada

REUTERS/Ivan Alvarado
Ana Sátila, brasileira da canoagem slalom imagem: REUTERS/Ivan Alvarado

Daniel Brito

Do UOL, no Rio de Janeiro

Foi uma comoção a eliminação da mineira Ana Sátila, 20, na canoagem slalom, na tarde desta segunda-feira, 8, no Parque Radical, em Deodoro, Zona Oeste do Rio. Ela era uma das cotadas para contribuir no quadro de medalhas do Brasil nos Jogos Olímpicos. Ficou na 17ª colocação entre 21 competidores, não avançou à semifinal. Despediu-se da Olimpíada hoje.

“Eu tinha uma expectativa muito grande, eu queria muito passar para a final. Não ter passado me deixou decepcionada, claro”, disse Ana, com a voz embargada, aos jornalistas na zona mista.

Ela era uma medalhista em potencial para o COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Ela foi quarta colocada na etapa da Copa do Mundo deste ano, e semifinalista no Mundial do ano passado, em Londres. Ocupava a 12ª colocação no ranking mundial, já tinha encarado por igual as grandes desta prova (K1), como a australiana Jessica Fox, e a britânica Fiona Pennie.

Porém, ao falhar em cruzar a baliza de número 20, perdeu 50 pontos, na segunda bateria. Até então estava na 12ª colocação no geral, o que a classificaria para a semifinal. O erro, no entanto, a fez despencar para a 17ª posição, e desmanchou seu sonho de pódio olímpico no Rio.

“Quando estava para cruzar a linha de chegada, ouvi o locutor da arena dizer que falhei ao cruzar a baliza de número 20, ali já comecei a sentir que não daria”, confessou.

Cerca de 10 veículos de comunicação do Brasil enviaram repórteres para acompanhar a prova de Ana - um número incomum dada a falta de tradição de cobertura desta modalidade no país. A mineira saiu da água rápido, sentou-se à borda do canal, fitou o nada por alguns minutos, levantou-se e passou direto pelos jornalistas.

Foi preciso a intervenção do presidente da CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem), João Tomazini, e de integrantes do COB para que ela pudesse voltar e falar com a imprensa. Retornou quase 30 minutos após o fim da prova, de banho tomado, óculos escuros, embora não estivesse sol, voz de quem acabara de interromper um choro profundo.

“A Camila, do COB, me falou que era importante vir aqui, levantar a cabeça e falar com vocês jornalistas sobre este momento”, disse Ana Sátila, referindo-se à ex-remadora Camila Carvalho, que disputou a prova de remo em Pequim-2008, e hoje atua na área de planejamento esportivo no COB. “Claro que foi um erro meu, eu tive que ver no vídeo se havia cometido aquela infração na baliza 20. Fica como lição para as próximas provas. Vou me dedicar às próximas etapas da Copa do Mundo”, afirmou.

Ela deixa o Rio-2016 com uma perspectiva: a prova na qual é especialista, a C1, deve ser incluída no programa olímpico de Tóquio. “Vou estar lá”, prometeu, antes de se despedir dos jornalistas na zona mista.

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