Remadores abrem mão de transporte oficial e vão de bicicleta para Lagoa
Vinicius KonchinskiDo UOL, no Rio de Janeiro
Existe uma área do estacionamento reservado para atletas do Estádio de Remo da Lagoa Rodrigo de Freitas especialmente movimentada por conta da Olimpíada: o bicicletário. Despreocupados com a criminalidade e as ameaças de terrorismo no Rio de Janeiro, remadores e treinadores de diferentes países têm pedalado até a área de competições da Rio-2016.
No sábado (6), primeiro dia de provas olímpicas de remo na Lagoa, ao menos 20 bicicletas passaram pela área reservada às delegações internacionais. Algumas bikes, aliás, estão devidamente identificadas com bandeiras de países participantes da Olimpíada do Rio: Suíça, Reino Unido, Canadá e outros.
Seguranças e voluntários que controlam o entra-e-sai de veículos credenciados na área protegida até já se acostumaram com o movimento de ciclistas olímpicos. Segundo eles, atletas e técnicos da Austrália e do Canadá, que estão hospedados nos arredores da Lagoa por conta da Olimpíada, são os que mais utilizam o bicicletário do estacionamento restrito.
Um dos usuários do espaço é o remador canadense Will Crothers, medalhista de prata em Londres-2012. Para ele, a bicicleta é o meio de transporte mais eficiente para transitar entre a Lagoa e Ipanema, onde ele está hospedado. Por isso, ele logo providenciou uma assim que chegou ao Rio para os Jogos Olímpicos.
“Bicicleta é meio mais rápido e confortável para chegar até aqui [ao Estádio de Remo]”, diz. “A ciclovia no entorno da Lagoa é muito boa. Podemos ir e voltar do local de competição com tranquilidade, sem ter que esperar pelo transporte ou outros membros da equipe. Fico mais independente com minha bicicleta.”
O remador suíço Simon Niepmann também está pedalando diariamente até o Estádio de Remo desde que chegou ao Brasil para a Olimpíada. Niepmann e sua equipe estão num hotel na região do Cantagalo. Para ele, o Rio é um lugar perfeito para pedalar. A Olimpíada é a chance de aproveitar essa chance em benefício próprio. “É muito mais rápido. Não vale a pena usar o ônibus ou carro.”
Pelo esforço, sem problemas. Mas cuidado com a noite
O técnico canadense Martin McElroy está no Rio de Janeiro para a Olimpíada e também adotou a bicicleta como meio de transporte. Mais do que isso. Tem incentivado todos os seus atletas a fazerem o mesmo visando a medalhas na Rio-2016. “Faz bem para eles. Pedalando, eles fazem algum aquecimento. Também tem oportunidade de se concentrar antes da prova e relaxar depois das disputas.”
McElroy diz que tomou certos cuidados antes de transformar a bicicleta no meio de transporte oficial de sua equipe. Informou-se sobre os riscos de assaltos e estabeleceu certas regras. Nada, porém, que tire a liberdade dos remadores. “Recomendei que não pedalem de noite, sozinhos”, conta. “Agora, eu acho que meus atletas estão mais seguros nas bicicletas do que esperando um ônibus, em frente ao nosso hotel e ao lado de militares armados com fuzis e outras coisas.”
Torcedor não pode pedalar
Apesar de atletas elogiarem as ciclovias cariocas, o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio-2016 recomenda que torcedores evitem usar bicicletas para chegar a arenas olímpicas. Segundo o órgão, não há lugar para guardar os veículos em instalações. A mesma recomendação vale para patins, patinetes, skate e similares.
De acordo com o comitê, a melhor forma de chegar aos locais de competição da Olimpíada de 2016 é usando o transporte público. As estações de metrô mais próximas ao Estádio de Remo da Lagoa Rodrigo de Freitas são Nossa Senhora da Paz e Jardim de Alah. Ambas são da Linha 4. Para acessar as estações, espectadores devem ter o cartão olímpico de transporte olímpico, que custa R$ 25 (um dia de viagens ilimitadas).