Olimpíadas 2016

Primeiro dia dos Jogos mostra ao mundo "jeitinhos" brasileiros de torcer

Ross Kinnaird/Getty Images
Teresa Almeida, goleira de Angola que foi "adotada" pela torcida brasileira no handebol imagem: Ross Kinnaird/Getty Images

Gustavo Franceschini*

Do UOL, no Rio de Janeiro

Se o “jeitinho” diferencia os brasileiros do resto do mundo em vários aspectos, por que não seria assim quando torcemos? No primeiro dia da Rio-2016, os torcedores verde-amarelos adotaram os mais fracos, fizeram barulho quando não deviam, tiraram sarro dos rivais e se divertiram. Logo de cara, mostraram que até na arquibancada o país-sede dos Jogos Olímpicos pode surpreender. 

Veja, na lista abaixo, 5 bons exemplos de “brasilidade” da torcida olímpica:

1 – Brasileiros adotam azarões para torcer

Elsa/Getty Images
imagem: Elsa/Getty Images

O Dream Team entrou em quadra diante de um ginásio lotado, certamente repleto de torcedores que queriam ver as estrelas da NBA. Só que como a exibição dos americanos não empolgou muito, apesar da vitória fácil, os brasileiros decidiram se bandear para o lado da China: “Olê, olê, olê, olá, China! China” e “Ah, vamos virar China!”.

No handebol, quem ganhou incentivo extra foi a goleira da seleção angolana. Diante da forte Romênia, a africana jogou bem e ajudou na surpreendente vitória da sua equipe. O detalhe? Teresa Almeida tem 98 kg e está bem acima do peso que é comum para as jogadoras da modalidade. Cativado pela jogadora, o público cantou “eu sou angolano, com muito orgulho, com muito amor” e ainda tirou onda com um “olé” nas trocas de bola nos ataques.

2 – Cazaquistão virou “Osasco” no judô

Laurence Griffiths/GettyImages
imagem: Laurence Griffiths/GettyImages

O Brasil já estava fora da briga pelo ouro quando cazaques presentes na Arena Carioca 2 começaram a puxar um coro de apoio a um atleta de seu país. Só que o som produzido pelos asiáticos de alguma forma se assemelhava ao som da palavra “Osasco”. Não deu outra. Dali em diante, a torcida decidiu gritar o nome da cidade paulista, o que foi entendido pelos cazaques como uma simpática forma de apoio ao compatriota Yeldos Smetov, que acabaria com a medalha de prata. 

3 – Novo grito de “Ôôô, zika!” para Hope Solo

AP Photo/Eugenio Savio
imagem: AP Photo/Eugenio Savio

Hope Solo entrou em campo e, pela segunda vez, a torcida não perdoou. As duras reclamações da goleira sobre a ameaça do vírus zika e, principalmente, a foto dela com um arsenal contra o mosquito fizeram o público elegê-la para a “zoeira”, cantando “Ôôô, zika!” a cada tiro de meta ou reposição de bola da americana. A pegação no pé já virou tema da imprensa americana, que tomou o grito como provocação e elogia Solo por manter a calma diante da situação.

4 – “Fura, ela!” e “Uh, vai morrer” viram gritos de incentivo

Issei Kato/Reuters
imagem: Issei Kato/Reuters

Quase uma tradição em eventos de MMA, o “Uh, vai morrer” virou olímpico na disputa do boxe, quando a torcida usou o grito para intimidar os rivais dos brasileiros. O “incentivo”, aliás, ganhou uma versão adaptada para a esgrima. “Fura ela!”, gritava alguns dos mais empolgados. Só que como a esgrima é um esporte que exige concentração – e consequentemente silêncio, o locutor teve de interceder e pedir silêncio. Nem precisa dizer que não adiantou, né?

5 – Vaias incomodam tchecas no vôlei de praia

Ruben Sprich / Reuters
imagem: Ruben Sprich / Reuters

Com a dupla brasileira Bárbara e Agatha sofrendo em um jogo apertado, a torcida na arena de vôlei de praia resolveu tentar desestabilizar a dupla rival, da República Tcheca. Vaiou as europeias do saque à cortada. “Eu jogo há dez anos e nunca vivi isso. É um tipo de patriotismo. Eu acho que não é nada pessoal contra nós, eles só não sabem o limite entre o que é apropriado para o momento e o que não é mais. E eles querem apoiar tanto a sua equipe que eles não percebem que também somos seres humanos”, disse Marketa Slukova.

*Colaboraram Adriano Wilkson, Bruno Doro, Daniel Brito, Eduardo Ohata, Fabio Aleixo, Guilherme Costa, José Ricardo Leite e Luis Augusto Simon

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