Nadadora húngara esmaga recorde mundial, e marido torcedor vira atração

Guilherme Costa
Do UOL, no Rio de Janeiro
Clive Rose / Getty Images
Shane Tusup, marido e treinador de Katinka Hosszu

Katinka Hosszu, 27, tinha acabado de vencer os 400 m medley na Rio-2016, prova em que ela trucidou recorde mundial (nadou o percurso em 4min26s36, quase dois segundos abaixo dos 4min28s43 de Ye Shiwen, antiga detentora da melhor marca do planeta). Carregando a medalha de ouro na mão direita, a húngara caminhava resoluta e em silêncio na zona mista do Estádio Aquático Olímpico, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca. Só parou quando viu seu torcedor mais ilustre: Shane Tusup, norte-americano com quem Katinka é casada desde 2013, que chamou atenção pelas reações efusivas nas arquibancadas do Rio de Janeiro.

Desde a sessão da manhã – Katinka liderou a eliminatória dos 400 m medley, mas ficou a 15 centésimos do recorde mundial –, Tusup chamou atenção no Estádio Aquático Olímpico. Vibrou de forma contundente, gritou e se emocionou com o desempenho da esposa. À noite, foi ainda mais histriônico.

No início do mês, o “New York Times” publicou um artigo sobre a relação de Tusup com Katinka e relatou cenas bem menos emotivas. O marido foi retratado como alguém extremamente exigente e irritadiço. A também nadadora Jessica Hardy chegou a dizer que ele é assustador. “Já vi treinadores terem esse tipo de comportamento, mas ele leva isso a outro nível”, analisou a atleta ao jornal norte-americano. Desde 2012, Tusup também é treinador de Katinka.

O técnico carrasco e assustador, porém, não podia ser uma figura mais distante do que Tusup mostrou neste sábado (06). “Acho que é pela jornada que nós tivemos. Nos últimos quatro anos, trabalhamos juntos em altos e baixos. A medalha não significa nada além de uma medalha em uma competição, mas todo o background dessa conquista é algo que eu não tenho palavras para descrever”, disse o marido da recordista mundial.

Al Bello / Getty Images

Chamada de “Dama de Ferro” pela resistência, Katinka tem o programa mais extenso da natação feminina na Rio-2016 – apenas ela e a espanhola Mireia Belmonte estão inscritas em cinco individuais provas da modalidade. A húngara já havia conquistado nove medalhas em Mundiais (cinco ouros e quatro bronzes), mas nunca havia passado pelo pódio olímpico.

“Eu só estou feliz por ter a chance de fazer parte disso, por ajudá-la de um jeito significativo e por poder incentivá-la a ir além e atingir objetivos. É incrível: estou com ela há anos, e foi incrível vê-la evoluindo nesse período. Eu vejo o trabalho duro que ela faz sete dias por semana, 24 horas por dia. Significa muito para mim fazer parte disso”, contou Tusup.

Katinka foi ainda mais enfática ao falar sobre o alívio que a medalha representou: “Em 2012, depois de terminar a faculdade, achei que Londres tinha sido minha última chance. Depois, começamos a trabalhar pensando em chegar até aqui. Estava um pouco preocupada”.

“Muitos achavam que eu sentiria a pressão, mas nadar é o que eu gosto de fazer. Passei os últimos quatro anos me preparando para isso. Não parei um só dia”, encerrou Katinka.