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Atualizada em 08.08.2016 17h25

Nem área de segurança nacional livra fotógrafos de furtos no Rio

Vinícius Segalla/UOL
O fotógrafo austríaco Johann Groder fez boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Apoio ao Turista, na zona sul do Rio imagem: Vinícius Segalla/UOL

Daniel Britto e Vinícius Segalla

Do UOL, no Rio de Janeiro

Uma onda de furtos a equipamentos de fotografia está atormentando os profissionais deste ramo credenciados nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Eles estão acontecendo dentro das arenas e dos limites do Parque Olímpico e em algumas ruas da Zona Sul do Rio de Janeiro. Alguns casos ganharam destaque na imprensa internacional.

O fotógrafo Johann Groder, funcionário da Austria Presse Agentur e a serviço do comitê olímpico daquele país, teve seu equipamento de trabalho furtado no último sábado (6) na plataforma construída para os fotógrafos para o ciclismo de estrada próxima ao Posto 5 de Copacabana, área sob policiamento e comando da Força Nacional de Segurança, instituição sob tutela do Ministério da Justiça e composta por policiais de todo o país.

Era área de competição olímpica na zona sul do Rio de Janeiro. Groder ficou sem sua máquina e lentes fotográficas, que estavam dentro de uma mochila que, por sua vez, estava presa com cadeado a uma área na qual os equipamentos ficam guardados.

"Ali era a área de imprensa, só havia jornalistas, atletas e convidados. Percebi rapidamente o furto, pois estava de olho na mochila, mas mesmo assim ninguém conseguiu achar a pessoa que pegou", contou o austríaco, após fazer um boletim de ocorrência na Deat (Delegacia Especial de Apoio ao Turismo), no bairro do Leblon, zona sul da capital fluminense.

Segundo ele, foi muito difícil explicar às autoridades presentes na área da plataforma o que tinha acontecido, já que, conforme relata, não havia alguém que falasse inglês na equipe que cuidava da segurança por ali.

"Eles (agentes de segurança) não falavam inglês, mas se dispuseram a ajudar, procuraram a pessoa com a minha mochila por ali, mas não encontraram ninguém", disse Johann Groder.

Já na Deat, o fotógrafo fez o boletim de ocorrência com uma investigadora que falava inglês fluentemente. Por estar trabalhando a serviço do comitê olímpico (da Áustria), Groder está contando com o suporte das autoridades do seu país. Segundo ele, um funcionário do consulado austríaco iria tomar, a partir deste domingo, a responsabilidade de fazer contato com as autoridades brasileiras "para que haja o maior esforço possível para recuperar nosso material que foi levado embora".

Casos como o de Groder já começam a ganhar o noticiário internacional. A imprensa australiana deu ênfase no sábado ao ocorrido com Brett Costello, do grupo de comunicação News Corp. Na última quinta, ele foi distraído por uma brasileira que o parou para pedir informação em uma cafeteria em Ipanema. Em questão de segundos, enquanto tentava comunicar-se com a mulher, teve a mala levada por um homem, com todos os equipamentos que usaria para trabalhar no Rio.

“Eu me sinto um estúpido por não ter percebido o plano deles”, lamentou Costello a um dos veículos da News Corp na Austrália.

Um fotógrafo argentino a serviço de uma agência francesa de notícias disse saber de casos. “Fico feliz de não ter sido comigo e nem com conhecidos”, disse o profissional, que pediu para não ser identificado. O canadense Paul Pierre Poulin é menos discreto, mas sem deixar de ser incisivo. “Sou um fotógrafo de hard news [noticiário diário], sei que essas coisas podem acontecer com alguma frequência. Prefiro manter meus equipamentos sempre por perto. Mas aqui no Rio, evito sair às ruas com eles”, disse ao UOL Esporte.

O americano Jeff Cable vem publicando em sua página no Facebook e em seu perfil no Twitter casos de furtos nas arenas. No dia da cerimônia de abertura, publicou duas postagens de furtos. Uma das quais era uma lente de valor superior a R$ 3 mil. “Pelo menos US$60 mil em três incidentes de roubo de equipamentos fotográficos hoje [sexta-feira, 5]”, publicou Cable.

Outro fotógrafo americano, que presta serviço para o COI (Comitê Olímpico Internacional) em Deodoro e pediu para não ser identificado, se disse indignado. “Fazem mil exigências para que possamos portar uma credencial olímpica de fotógrafo, ainda assim nos falta segurança. Perdemos nossos equipamentos dentro das arenas. Como isso é possível?”, questionou.

Paul Winstanley, que trabalha para uma federação esportiva dos Estados Unidos, contou que esse tipo de ocorrência não é exatamente uma novidade. “Nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no ano passado, houve bastantes casos de furtos ou roubos em diversas arenas”, contou.

O caso de Brett Costello teve um final surpreendente. Um dia depois de publicada a notícia do furto em Ipanema, no sábado, 7, ele chegava ao sambódromo para cobrir as provas de tiro com arco, com equipamentos emprestados, e flagrou uma pessoa passando por uma barreira de segurança trajando seu colete de fotógrafo, um dos itens que constava na sua maleta roubada.

Ele acionou a segurança e os agentes da Força Nacional detiveram o suspeito. Sua nacionalidade não foi informada. Os equipamentos, no entanto, não foram recuperados.

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