! Del Potro cala torcida, vence e faz Djokovic chorar no Parque Olímpico - 07/08/2016 - UOL Olimpíadas

Relatos das provas

Del Potro cala torcida, vence e faz Djokovic chorar no Parque Olímpico

José Ricardo Leite

Do UOL, no Rio de Janeiro

Carismático, Novak Djokovic soube como poucos conquistar o público no Rio de Janeiro. O sérvio virou quase um cidadão brasileiro no complexo de tênis do Parque Olímpico: entrou em quadra com uma munhequeira com as cores do país anfitrião e uma raqueteira verde e amarela com os dizeres “boa sorte”. O número 1 do mundo, no entanto, decepcionou na estreia do torneio de simples e foi derrotado pelo argentino Juan Martin Del Potro por 2 sets a 0, com parciais de 7/6 (7/3) e 7/6 (7/2).

A queda do sérvio neste domingo à noite confirmou sua sina de freguês olímpico de Del Potro. Em 2012, nos Jogos de Londres, o sul-americano havia vencido Djokovic na disputa pela medalha de bronze. Quando saía de quadra, Djokovic protagonizou uma cena raríssima e caiu no choro. Voltou para o vestiário aos prantos.

Número 1 do mundo com folga sobre Andy Murray, o segundo colocado no ranking, Djokovic segue sem conquistar uma medalha de ouro em Olimpíadas. Seu melhor resultado nos Jogos foi a medalha de bronze em Pequim, há oito anos. No Rio, ele ainda compete nas duplas. Ao lado do compatriota Nenad Zimonjic, enfrentará os brasileiros Bruno Soares e Marcelo Melo na segunda rodada.

Desde que o tênis voltou a ser esporte olímpico, em 1988, nunca o número 1 do ranking no momento da competição conquistou a medalha de ouro. A maldição, portanto, continua.

Na segunda rodada, Del Potro enfrenta o português João Sousa, que bateu o holandês Robin Haase por 2 sets a 0. 

Charles Krupa/AP
imagem: Charles Krupa/AP

Potência dos golpes de Del Potro incomoda Djokovic

Apesar da recepção calorosa do público brasileiro, o sérvio sofreu para confirmar seu primeiro serviço. As pancadas de direita no argentino incomodaram Djokovic em um arrastado game inicial.

Conhecido pela solidez no fundo de quadra e pela boa movimentação na linha de base, Djokovic tentava neutralizar os potentes golpes do rival direcionando suas bolas para a esquerda de Del Potro, lado mais frágil do argentino em razão de uma série de problemas no punho.

Quando os tenistas estavam empatados em 4/4, até Del Potro, chamado de "maricón", se divertiu com a admiração dos brasileiros ao sérvio. O argentino apontou para o adversário com a raquete e o aplaudiu.

Quando o jogo se encaminhava para o tie-break, os argentinos reagiram com cânticos de "olê, olê, olê, olê, Delpo, Delpo".

O tie-break foi um festival de winners de Del Potro. Batendo muito forte de direita, ele deixou Djokovic na defensiva e venceu a primeira parcial. 

Clive Brunskill/Getty Images
Djokovic chora após derrota para Del Potro imagem: Clive Brunskill/Getty Images

Sérvio deixa a quadra aos prantos

O equilíbrio voltou a prevalecer no segundo set. Com Del Potro inspirado e mandando nos pontos com sua direita, Djokovic seguiu com dificuldades para se soltar no fundo de quadra. 
 
Djokovic, muito pressionado pelo rival, viu Del Potro estar a dois pontos da vitoria no décimo game da segunda parcial, mas saiu da enrascada com uma passada inacreditável. 
 
O jogo se encaminhou para o tie-break, e Del Potro cedeu apenas dois pontos a um apático Djokovic, levando os argentinos presentes no Parque Olímpico à loucura. Abatido pela derrota, o líder do ranking cumprimentou o vencedor e deixou a quadra chorando. 
 
Toby Melville/Reuters
imagem: Toby Melville/Reuters
 

Argentino tenta superar histórico de lesões

Del Potro ganhou prestígio no mundo do tênis ao bater Roger Federer, então líder do ranking, na decisão do Aberto dos Estados Unidos de 2009, quando tinha somente 20 anos.

Uma grave lesão no punho esquerdo, entretanto, impediu o argentino de alçar voos ainda mais altos na carreira nos últimos anos. Del Potro, ex-número 4 do mundo e dono de 18 títulos, ficou longe dos torneios entre 2014 e 2016.

Nesta temporada, ele tenta superar as dores no punho para retomar o caminho dos títulos. Até o início da Olimpíada, o tenista de 27 anos somava 13 vitórias e 8 derrotas no ano.

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