COI quer mudar escolha de sedes olímpicas após crise no Rio, diz jornal
O Comitê Olímpico Internacional realizará uma mudança no processo de escolha das novas sedes dos Jogos Olímpicos após os problemas enfrentados no Rio de Janeiro. A entidade exigirá dos candidatos comprovações de que os gastos que envolvem a competição poderão ser arcados pelo governo local.
A informação foi divulgada neste domingo pelo jornal “Estado de S. Paulo”, que ouviu membros do COI, economistas e chefes das principais candidaturas para receber o evento nos próximos anos. De acordo com a publicação, o objetivo é criar empatia com a população local para evitar protestos contra a realização dos Jogos, como aconteceu no Rio de Janeiro, e evitar que países democráticos desistam de se candidatar como sede por julgar que o evento seria deficitário ao país.
Ainda segundo a reportagem, os problemas enfrentados para a realização da Rio-2016 comprovaram que uma mudança no modelo da Olímpiada é necessária. Por conta dos problemas enfrentados pelo Comitê Olímpico Brasileiro, organizadores precisaram enviar uma equipe de monitoria meses antes do início do torneio para acompanhar os trabalhos e garantir que nada saísse dos padrões.
Contudo, a atitude não foi suficiente, já que diversos problemas aconteceram, levando os organizadores a concluir que o modelo de escolha das sedes está obsoleto. Então, a publicação destaca que o COI passará a adequar o evento à sede, e não o contrário, como acontece atualmente. O COI sairá do Rio com renda recorde de R$ 18 bilhões, proveniente de contratos assinados com empresas multinacionais. Deste montante, apenas R$ 4,5 bilhões são repassados ao Rio de Janeiro.
Na opinião dos delegados, esta diferença precisa ser minimizada para evitar uma aversão cada vez maior ao evento. Antes dos problemas enfrentados no Rio de Janeiro, diversas cidades que estavam dispostas a sediar os Jogos Olímpicos deram “um passo atrás” ao ver os gastos públicos que envolvem a realização do torneio.
Ainda de acordo com a publicação, diversas mudanças já estão sendo planejadas para as próximas edições. O primeiro passo será priorizar propostas de cidade que já contem com estruturas esportivas e de infraestrutura que sigam os padrões internacionais e poucas construções sejam necessárias.
A parte de transporte, hotéis e aeroportos também será revista para priorizar a necessidade das cidades, e não do COI. Como exemplo, a reportagem cita os Jogos de Inverno de Lillehammer-1994, na Noruega, quando 40% dos hotéis que foram construídos para o evento acabaram falindo anos depois pela falta de demanda.
Outra ideia do COI é permitir que cada Olímpiada escolha duas modalidades que possam atrair o interesse do público local, ampliando a aceitação dos espectadores em relação ao torneio.
A ideia do COI é colocar em prática as novas regras a partir dos Jogos Olímpicos de 2024. Roma, Los Angeles e Paris são algumas cidades interessadas em receber o torneio. Gene Sykes, CEO da candidatura da cidade norte-americana, declarou que o COI já informou sobre as mudanças no processo de escolha.
“O COI entendeu que, se querem que o movimento olímpico sobreviva, terá de ser aceito pelas comunidades. Para isso, as cidades terão de usar seus próprios recursos, sem fazer algo extravagante. Prometemos que não vamos construir nada permanente e teremos disciplina financeira. Podemos fazer um evento sem criar estresse extra para nossa cidade”, explicou o dirigente, que ainda ressaltou que nem mesmo a Vila dos Atletas seria construída, com os atletas ficando alojados em universidades.
Com a escolha da próxima sede marcada para setembro de 2017, as cidades terão tempo para se adaptar às novas demandas do COI. Entretanto, o diretor de comunicação da entidade, Mark Adams, acredita que as mudanças servirão para evoluir o torneio.
“A questão é de que sejam Jogos que sirvam à cidade e nada seja feito porque o COI mandou. Por anos, percorremos cidades pelo mundo dizendo o que deveriam fazer. Não podemos mais fazer isso”, concluiu Adams.