"Bater continência é gesto de respeito e não de política", diz ministro
Adriano Wilkson*Do UOL, em São Paulo
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, defendeu atletas militares que decidem prestar continência ao subir no pódio olímpico. Graças a um programa do ministério que patrocina atletas de alto rendimento, o gesto foi bastante repetido no último Pan-Americano, em Toronto. No Rio, o atirador Felipe Wu também o fez após ganhar sua medalha de prata no sábado.
O sinal é polêmico porque pode ser interpretado como uma manifestação política, que são vetadas pelo Comitê Olímpico Internacional durante suas competições.
“O militar bate (sic) continência em sinal de respeito à autoridade”, explicou Raul Jungmann, que é civil. “Quando perante um superior ele bate continência. A uma autoridade, mesmo que seja civil, ele bate uma continência. Porque ele bate uma continência? Porque aquele civil ou militar representa o Brasil. Quando um sargento, um tenente bate continência a um oficial superior, ele o faz porque aquela autoridade representa o Brasil.”
Jungmann acredita que essa reverência feita pelo atleta no pódio, na frente da bandeira nacional, é uma forma de homenagear a pátria.
“O símbolo do Brasil é a bandeira. Então aquela continência [do medalhista] é um sinal de respeito dos militares ao pavilhão nacional. A autoridade máxima para o militar é o Brasil, é o pais. É dessa forma que ele saúda aquilo que simbolicamente para nós representa o Brasil.”
Jungmann, que assumiu a Defesa após o afastamento de Dilma Rousseff (antes atuava como deputado federal pelo PPS), negou que a continência seja um gesto político, conforme críticos têm apontado.
O COI também não vê problema na continência
O Comitê Olímpico Internacional tem a mesma opinião e não vetou a ação como o faz com outras consideradas de cunho político. "Já houve questionamentos sobre isso", disso Mar Adams, diretor de comunicação do COI. "Mas vemos como um respeito à bandeira, ao país."
“É um gesto de respeito, de consideração dos militares para com o seu pais, não é um ato político, de forma alguma”, disse o ministro Jungamann. “É de reverencia.”
Na Rio-2016, o Brasil está sendo representado por 145 atletas militares, a maioria deles participantes de um programa de apoio das forças armadas ao esporte de alto rendimento. Os atletas ganham um salário e podem se dedicar exclusivamente aos treinos. Em Londres-2012, cinco medalhas brasileiras foram conquistadas por atletas apoiados pelos militares.
A expectativa do Ministério da Defesa é dobrar essas medalhas no Rio.
*Colaborou Rodrigo Mattos, do Rio