Rivais de brasileiras no vôlei de praia reclamam de vaias da torcida

Gustavo Franceschini
Do UOL, no Rio de Janeiro
Ruben Sprich / Reuters
Hermannova e Sulkova (à dir.) sofreram com a torcida brasileira e se incomodaram com as vaias

Atuais campeãs mundiais, Agatha e Bárbara venceram sua estreia de virada (2 sets a 1, 19-21, 21-17 e 15-11), sendo bastante ameaçadas por uma dupla teoricamente mais fraca. Mesmo sem encher a arena do vôlei de praia em Copacabana, a torcida exerceu um papel importante na reação. Depois da derrota, as tchecas Hermannova e Slukova reclamaram das vaias que receberam ao longo da partida.

“Nós estávamos esperando um pouco disso, mas é difícil porque eles não param. Quando o jogo começa, você já sacou e eles seguem sendo duros com você. Eu não entendo. Provavelmente eles querem apoiar seu time, mas é difícil. Toda vez que tocamos na bola eles são duros conosco. Não é muito encorajador, mas temos de lidar com isso”, disse Marketa Slukova.

A postura foi apontada como decisiva para o resultado. “O público foi importante, como um terceiro jogador para o Brasil”, resumiu Barbora Hermannova.

A reação do público a um jogo apertado já era esperada pelos organizadores. Ao longo da partida, o locutor oficial da arena repetia os pedidos para que a torcida não vaiasse as jogadoras rivais. Em várias oportunidades, os brasileiros que estavam na arquibancada reagiam ao apelo fazendo justamente o contrário.

“Eu jogo há dez anos e nunca vivi isso. É um tipo de patriotismo. Eu acho que não é nada pessoal contra nós, eles só não sabem o limite entre o que é apropriado para o momento e o que não é mais. E eles querem apoiar tanto a sua equipe que eles não percebem que também somos seres humanos. Eu não sei quem poderia explicar a eles que não é assim ao redor do mundo e que é estranho, mas eu acho que eles também não vão mudar”, concluiu Sulkova.

Não é a primeira vez que a postura dos brasileiros em esportes olímpicos chama atenção. Em 2007, chamou a atenção de ginastas que estavam no Pan do Rio a quantidade de vaias aos atletas de outros países que se apresentavam. A cena de Oscar Schmidt, ex-jogador de basquete, liderando a torcida contra os estrangeiros, ficou marcada. Neste sábado, até as brasileiras fizeram coro por um público mais respeitoso com os visitantes.

“Acho que isso aconteceu aqui porque o público brasileiro é muita emoção. É aquela coisa de quero que o Brasil ganhe e tal, mas normalmente isso não acontece. Existe um respeito muito grande pelo esporte, pelo voleibol ali. O pessoal torce por um rali bonito. Eu estou torcendo para que o pessoal torça a favor da gente, e não contra as meninas”, disse Ágatha.