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Removidos das Olimpíadas fazem churrasco da resistência e rejeitam abertura

Luiza Oliveira/UOL
Morador de nova casa na Vila Autódromo, Carlos Augusto faz churrasco imagem: Luiza Oliveira/UOL

Luiza Oliveira

Do UOL, no Rio de Janeiro

Eram 20 h e o Maracanã já reluzia em um show de sons e cores dando o tom da abertura das Olimpíadas. A televisão estava ligada em uma casa da Vila Autódromo, mas era ignorada. Por ali ninguém quer saber de cerimônia alguma. Ao contrário. O único foco é a picanha que está na brasa e a cerveja que já gelou. Entre um gole e outro, o som toca no volume máximo e embala os moradores. O ritmo é eclético e vai de Queen a É o Tchan.

É assim que eles esquecem todo o trauma gerado pela remoção provocada pelos Jogos e comemoram a resistência e a liberdade. Depois de anos de luta, eles formam o pequeno grupo de 20 famílias que conseguiram permanecer no local e ganhar uma nova casa depois que as suas foram destruídas.

“Esse é o churrasco pela nossa liberdade. A Olimpíada que se exploda”, brada Carlos Augusto, que prepara a carne.

Luiza Oliveira/UOL
imagem: Luiza Oliveira/UOL

A televisão de 20 polegadas segue apresentando cenas ao vivo do Maracanã, mas é ignorada. Suely Ferreira Campos até dá uma espiada quando a delegação da Espanha se apresenta, mas faz caras de poucos e esboça um olhar triste. Aquilo só remete a sentimentos ruins.

“Eu olho e isso não significa nada para mim. Por causa das Olimpíadas eu perdi a minha casa. Só me faz sentir raiva e tristeza. Quando fala em Olimpíada, eu só lembro da minha casa. Aqui não é igual àquela que eu tinha”, disse.

Apesar de não terem cedido aos apelos e até às ameaças da prefeitura para deixarem o local, eles não estão satisfeitos. Hoje eles têm casas novas, pintadas de branco e com cara de vila. Mas preferiam a vida de antes em que mais de 800 pessoas conviviam como uma família com crianças brincando para lá e para cá.

“Você sai da comunidade, mas a comunidade não sai de você. O prefeito acha que a gente quer vida de condomínio, a gente queria a nossa casa. Cada casa ali tem a história e as raízes de cada um, cada tijolo foi construído por nós e tem uma história”.

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