! Com medo de terrorismo, vizinha do Maracanã vai "fugir" do Rio na Olimpíada - 05/08/2016 - UOL Olimpíadas

Olimpíadas 2016

Com medo de terrorismo, vizinha do Maracanã vai "fugir" do Rio na Olimpíada

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

A realização da Olimpíada na capital fluminense atrai muitos visitantes para a cidade, mas também há quem busque refúgio por conta de alguns efeitos provocados pela magnitude dos Jogos. Um exemplo é a pedagoga Alexandra Salles, 37, que mora nos arredores do estádio da Maracanã, palco da cerimônia de abertura do evento, nesta sexta-feira (5). Receosa quanto à hipótese de atentados terroristas durante a Rio-2016, a carioca afirma que já está com viagem marcada.

"Estou viajando amanhã e só volto quando as Olimpíadas acabarem. Justamente por me sentir insegura", afirmou. Ela disse que os vizinhos do Maracanã enfrentarão problemas de acesso até o fim de agosto. "Para os turistas, há muita abertura. Para quem mora aqui, é tudo muito restrito. Eu moro no Maracanã e não posso circular porque as ruas estão todas interditadas", reclamou. "Quem é da cidade e não tem ingresso estará completamente deslocado."

Questionada sobre a legitimidade da ameaça terrorista, Alexandra disse que o clima de tensão provoca, no mínimo, insegurança. A pedagoga declarou que, nos últimos tempos, está tentando evitar locais de grande aglomeração. O metrô, por exemplo, só é utilizado por ela em virtude dos bloqueios e interdições nas vias do bairro do Maracanã. "Estou evitando aglomerações e lugares fechados. (...) Você vai para o transporte público e se sente ameaçado por estar em um lugar fechado, onde a qualquer momento pode acontecer algo que não é corriqueiro para a gente".

Já o italiano Pierluigi Miscioscia, que trabalhará como voluntário da Rio-2016, afirmou ao UOL que "o terrorismo está em todos os lugares do mundo". "Não é apenas no Brasil. A gente tem que viajar, viver as nossas vidas e não pensar muito em terrorismo", declarou. O também voluntário Cristian Parra, 36, natural do Paraguai, tem opinião semelhante. "É um encontro de paz do mundo inteiro. Precisamos ver o lado positivo das coisas, não olhar só o negativo. Estamos nos preparando há dois anos."

A babá Rosilene de Lima, 40, natural do Rio, disse enxergar um "pouco de exagero" na repercussão da suposta ameaça terrorista na cidade. "Devemos ter cuidado, mas aqui não tem isso", afirmou. A paraibana Camila Bezerra, jornalista, 25, declarou considerar que nenhum país está preparado para lidar com a questão do terrorismo. Ela se diz preocupada pelo fato de a experiência brasileira "ser praticamente nula", mas não acreditar na chance de ataque.

"A gente tem experiência com violência urbana. Mesmo assim, tratamos muito mal esse assunto aqui. Imagina o terrorismo, as ameaças estrangeiras, bombas atingindo milhares de pessoas. Ainda mais um evento com essa concentração tão grande de pessoas", opinou. "Mas é meio difícil acreditar que vai acontecer."

A comerciante Natalie Vanhouteghen, 52, que viajou da Suíça ao Rio para ver os Jogos Olímpicos, disse estar "inquieta por conta do terrorismo". No entanto, a turista afirmou que "é preciso viver com isso e, sobretudo, ter confiança". Ao UOL, ela confidenciou que, apesar da proximidade com a França, evita "o máximo possível" viajar ao país vizinho. "Eu evito o máximo possível ir à França porque é um país que é muito atacado neste momento... Já o Brasil, nós esperamos que seja um pouco mais tranquilo e sem ameaças."

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