Olimpíadas 2016

Sem licitação, Itamaraty gastará R$ 2,7 milhões em 4 banquetes na Olimpíada

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

O MRE (Ministério das Relações Exteriores) contratou em regime emergencial –sem licitação— serviços para quatro jantares para autoridades estrangeiras que visitarão o Rio de Janeiro durante a Rio-2016. O órgão até chegou a lançar uma concorrência para selecionar a empresa responsável pelas recepções nos dias da abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Entretanto, cancelou o certame e escolheu de forma unilateral a companhia que promoverá os jantares. Por isso, gastará R$ 924 mil a mais pelas festas.

Ao todo, as quatro festas custarão cerca de R$ 2,7 milhões. Todas serão realizadas pela empresa GTQ Planejamento e Promoções Artísticas e Culturais. Segundo o MRE, a companhia servirá quatro jantares para até 1.500 pessoas cada, no Palácio do Itamaraty, no centro do Rio. O contrato com a empresa foi firmado esta semana, em caráter emergencial.

Acontece que dez dias antes de contratar a GTQ, o próprio MRE realizou um pregão para selecionar uma companhia para realização das festas. Chegou a receber uma proposta de R$ 1,7 milhão para prestação dos mesmos serviços que a GTQ vai prestar. Essas propostas foram divulgadas pelo UOL Esporte. Dias depois, porém, o Itamaraty resolveu cancelar o pregão alegando que não haveria tempo hábil de concluí-lo a tempo da Rio-2016.

Quem participou da concorrência reclamou. Rodolfo Moraes Rodrigues é proprietário da empresa Redxcorp Audiovisual Produção e Locação. A companhia foi que apresentou no pregão a proposta mais baixa para a organização das quatro festas olímpicas que serão promovidas pelo MRE. Não ganhou o contrato.

“Ainda no pregão, minha empresa foi inabilitada. Enviei todos os documentos solicitados e esperei a análise do meu recurso”, contou ele. “Depois, a licitação apareceu cancelada. A contratação da GTQ foi direcionada.”

Já Wellington Lima representa a UNA, outra empresa que participou do pregão em busca do contrato, mas viu a concorrência ser cancelada. Para ele, também houve algo incomum para a contratação da GTQ. “A UNA foi inabilitada por não atender a qualificação técnica, mas atualmente temos contrato com o próprio Itamaraty e Presidência da República para atendimento dos eventos desses órgãos”, disse.

O MRE contestou. Procurado pelo UOL Esporte, o órgão informou que não houve direcionamento. Disse que a GTQ foi contratada pois a empresa também participou do pregão cancelado e, na concorrência, foi a companhia que apresentou a menor proposta para a realização dos jantares dentre as companhias que cumprindo os requisitos técnicos. O valor da proposta da GTQ foi o mesmo do contrato emergencial.

O órgão ainda explicou que, embora as cerimônias olímpicas estejam marcadas há anos, os jantares só puderam ser contratados agora por questões de segurança e da agenda dos convidados. “ A escolha definitiva do local das recepções só foi possível em meados de julho, após exame das necessidades de segurança, haja vista a excepcionalidade dos eventos, a hierarquia dos convidados e o número de pessoas envolvidas”, declarou o órgão, em nota enviada à reportagem.

Segundo o MRE, os preparativos para a festa incluem adaptações no Palácio do Itamaraty, bem tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). “Esse fato impõe exigências restritivas ao universo de empresas que podem ser contratadas e os procedimentos por elas adotados”, complementou o órgão.

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