Infraestrutura

Atualizada em 04.08.2016 13h49

Polícia Civil do DF abandona segurança olímpica; TJ diz que greve é ilegal

Comitê Rio-2016
Estádio Mané Garrincha, em Brasília, será palco da estreia da seleção brasileira masculina na Olimpíada imagem: Comitê Rio-2016

Dassler Marques, Bernando Gentille e Vinicius Konchinski

Do UOL, em Brasília e no Rio de Janeiro

Policiais civis do Distrito Federal iniciaram nesta quinta-feira (4), horas antes de Brasília receber o jogo de estreia da seleção brasileira de futebol na Olimpíada, uma paralisação de 48 horas. O ato envolve cerca de 4 mil agentes, de acordo com o Sinpol-DF (Sindicato dos Policiais Civis). Cerca de 800 desses policias, estão diretamente escalados para trabalharem na segurança de delegações de atletas e em áreas de competição.

“A paralisação foi nossa última alternativa”, afirmou Renato Rincon, primeiro vice-presidente do Sindol-DF. “Os policiais decidiram em assembleia que irão até os seus locais de trabalho, mas não cumprirão suas funções por 48 horas. A paralisação envolve também quem trabalha na Olimpíada. ”

Segundo Rincon, a Polícia Civil é responsável proteção dos veículos que transportam jogadores de futebol de hotéis até o estádio Mané Garrincha, local das partidas. Estão envolvidos da operação olímpica a divisão aérea, que atua com helicópteros, de operações especiais, que faz a escolta dos comboios. Esses agentes estão parados.

Também aderiram à paralisação os policiais que trabalham em delegacias perto do Mané Garrincha, dentro do estádio e na escolta de presos em eventos olímpicos. “Juntando tudo isso, temos cerca de 800 policiais envolvidos”, afirmou.

A seleção brasileira de futebol enfrenta a África do Sul, em Brasília, a partir das 16h. Antes do jogo do Brasil, o Iraque enfrenta a Dinamarca.

Justiça declara greve ilegal

Horas depois da paralisação, a Justiça declarou ilegal o ato dos policiais. Uma decisão liminar do desembargador Sebastião Coelho determinou a volta ao trabalho de todos os agentes paralisados alegando que a segurança essencial para a Olimpíada. A multa diária pelo descumprimento da decisão R$200 mil por dia

"A segurança pública, definitivamente, é um dos pontos mais sensíveis deste evento, em face dos recentes e cada vez mais recorrentes atentados de natureza terrorista acontecidos em vários países do mundo", decidiu Coelho.

Procurado pelo UOL Esporte, o Sinpol informou que a paralisação será mantida. A categoria ainda avalia a possibilidade de transformar o ato numa grave por tempo indeterminado.

"Já soubemos da decisão da Justiça, mas isso não afeta nossa decisão. A greve está mantida pelas próximas 48h e se nossos direitos não forem atendidos a tendência é que na segunda tenhamos greve sem tempo determinado", disse Rafael Miranda, agente da Polícia Civil.

PM assume tarefas

A Secretaria de Segurança do DF informou que está ciente da paralisação e da decisão judicial que determinou seu encerramento. O órgão, contudo, disse ainda não foi informado sobre a volta dos policiais ao trabalho. Cabe ao Sinpol acatar ou não a determinação da Justiça.

Independentemente disso, a secretaria declarou que estava preparada para uma greve durante a Olimpíada. Segundo o órgão, a Polícia Militar estava de prontidão para entrar em ação e já foi acionada para assumir as responsabilidades.

A secretaria informou que a PM já assumiu a segurança do hotel Royal Tulip, em que estão hospedadas as maiorias das deleções olímpicas em Brasília. O Hotel Windsor, onde está a seleção brasileira, já era protegido pela corporação.

Reinvidicações dos policiais

Policiais civis cruzaram os braços para reivindicar melhores condições de trabalho e aumento de salários. A categoria pede ao governo um reajuste de 37% dos pagamentos, divididos em três anos. O Sinpol informou que o salários dos agentes acumulam perdas de 50% nos últimos seis anos.

"É histórico e legal a paridade dos nossos salários com a Polícia Federal e após as eleições eles vão receber um aumento e nós não. A justificativa é que se se ganhássemos o reajuste criaria uma diferença muito grande para a Polícia Militar. O governador está inflexível e não acreditamos que nossa exigência será atendida", reclamou o agente Miranda.

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