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Mudança de última hora na segurança faz país gastar mais R$ 20 mi

Pedro Ivo Almeida/UOL
Policiais aposentados irão operar máquinas de raio-x durante os Jogos Olímpicos imagem: Pedro Ivo Almeida/UOL

Vinicius Konchinski e Vinícius Segalla

Do UOL, no Rio de Janeiro

Uma mudança na operação das máquinas de raio-X fez o governo brasileiro aumentar em R$ 20 milhões o seu gasto com o plano de segurança dos Jogos Olímpicos. O motivo do custo extra foi o cancelamento de última hora de um contrato com a empresa que iria operar as máquinas, substituindo o pessoal contratado por policiais aposentados reconvocados ao serviço.

Dois dias de operação foram suficientes para o Comitê Organizador Rio-2016 verificar que a empresa contratada pelo governo federal para realizar as revistas de bolsas e mochilas na entrada das instalações olímpicas, a Artel Recursos Humanos, não estava dando conta do recado.

Esse quadro fez com que o próprio Comitê anunciasse, no último dia 25, que não tinha condição de continuar trabalhando com a empresa contratada pelo governo. A Artel, de Santa Catarina, assinou em junho um contrato de R$ 21 milhões com a Sesge (Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos) para operar os aparelhos de raio-X nas entradas de instalações da Olimpíada.

A empresa, porém, nunca havia trabalhado na organização de grandes eventos nem tem expertise em segurança. Segundo seu cadastro na Receita Federal, a Artel é uma companhia de pequeno porte. Ela tem capital social de R$ 400 mil, valor 50 vezes menor do que o valor contratado com o governo.

Oficialmente, a companhia iniciou seu trabalho na Rio-2016 no dia 23, um dia após a última varredura de segurança no Parque Olímpico. No mesmo dia, o UOL Esporte verificou que os aparelhos de raio-X não funcionaram no Parque Olímpico. Já no dia seguinte, a fila para revista de jornalistas na entrada dos centros de mídia chegou a 40 minutos.

Ao Ministério da Justiça, responsável pela contratação original, restou cancelar o acordo com a Artel. O problema é que o governo já havia pago R$ 17,5 milhões deste valor à empresa, que, por sua vez, não irá devolver o montante a não ser que a União obtenha uma ordem judicial para tanto - caso haja a ação, o resultado poderá demorar anos.

Como há uma Olimpíada pela frente, o governo contratou emergencialmente, ao custo de R$ 20 milhões, uma equipe de policiais militares da reserva para fazer o trabalho. Na última terça-feira, o ministro da Justiça, Alexandre de Morares, falou sobre o assunto durante a inauguração do CCPI (Centro de Cooperação Policial Internacional das Olimpíadas), no centro do Rio.

"A empresa inicialmente contratada (Artel) incorreu em inadimplemento, ou seja, não entregou o trabalho para que foi contratada. Iremos cobrar os valores devidos de volta. Por ora, contratamos policiais aposentados para operar o raio-x, que darão conta do recado trazendo mais segurança ainda, já que são muito bem treinados para o serviço", afirmou. 

Atraso e falta de revista

O CCPI foi inaugurado na última terça-feira (2). Com sede em um prédio da Polícia Federal no centro do Rio, o núcleo conta com a participação de forças policiais de 55 países. O CCPI ficará em operação até o dia 19 de setembro, quando se encerra a Paralimpíadas do Rio.

A cerimônia de inauguração, originalmente marcada para as 13h (horário de Brasília), teve início às 14h45, em virtude do atraso de Alexandre de Moraes, que cumpriu agenda prévia na zona sul da cidade. Alguns policiais aguardavam desde às 11h.

A cerimônia, realizada em um auditório no prédio da PF, contou com a presença de autoridades internacionais, federais e estaduais, funcionários públicos e imprensa. Ninguém foi revistado na entrada nem passou por qualquer controle de cadastro ou equipamentos detectores de metais. Perguntado pelo UOL Esporte se o fato de jornalistas ou quaisquer outras pessoas terem tido acesso ao local sem qualquer tipo de revista ou reconhecimento não traria nenhum tipo de risco, o ministro disse: "Não. A prova disso é que estamos todos seguros."

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