Olimpíadas 2016

Vítima de estupro no Parque se diz envergonhada e não vai trabalhar

Vinicius Konchinski/UOL
Bombeira civil teria sido vítima de estupro por supervisor de segurança no velódromo, no Parque Olímpico imagem: Vinicius Konchinski/UOL

Eduardo Ohata

Do UOL, no Rio de Janeiro

Enquanto a bombeira civil de 22 anos conversava com o UOL Esporte, era possível ouvir os gritos ao fundo de um menino de três anos e uma menina de dois, o casal de filhos de L.T.R.R. A moça, que trabalhava como bombeira no Parque Olímpico, foi vítima de estupro pelo supervisor de segurança na madrugada de sábado (30) para domingo (31).

O boletim de ocorrência, a que a reportagem teve acesso, relata que o acusado deveria estar monitorando a área do Parque na hora (leia mais).

A vitima se mostrou, na entrevista, abalada. No domingo, era a festa de aniversário da filha. Os gritos e barulho de correria de passinhos indicavam que as crianças se divertiam, mas L.T.R.R. não participava. Contou que se isolou em seu quarto, mas não pegava no sono em sua casa em Nilópolis.

Ela diz que, na sua cabeça, se repetiam as cenas que levaram à prisão o supervisor de segurança. L.T.R.R. trabalha para a Gocil, enquanto o acusado é funcionário de uma empresa quarteirizada.

"A empresa me ligou e pediu para eu ir lá às 9h. Tomei muito remédio por causa da situação e não consegui acordar. Estou com muita vergonha de sair na rua", relatou.

A bombeira não queria mais voltar ao trabalho. “Se não precisasse do dinheiro, nem trabalharia mais. Mas alguém da empresa [Gocil] me disse que poderia me transferir para um complexo que fica mais perto de casa. Também não quero mais voltar para o Velódromo, as pessoas vão ficar me perguntando como foi, me olhando”, diz L.T.R.R.

“Se tiver mais gente assim [trabalhando na segurança] pode acontecer outro caso.  Mas espero que não aconteça mais”, argumenta L.T.R.R.

Outro lado

Mendes, que está preso, deve ser apresentado nesta segunda ao juiz responsável pelo caso. Procurada insistentemente desde a tarde do último domingo (31), a Gocil emitiu uma nota oficial no fim da manhã desta segunda (01).

“A Gocil Segurança e Serviços, empresa com mais de 30 anos de atuação, preza e trabalha dentro de princípios éticos e legais e com um rigoroso código de conduta. Colaborando de maneira irrestrita com a justiça, a empresa irá aguardar a apuração dos fatos, para tomar medidas definitivas e alinhadas com o que for justo e correto. Atitudes assim sempre moveram e definiram e empresa ao longo de sua existência”, diz o comunicado na íntegra.

Por meio de sua assessoria, o Comitê Rio-2016 explicou que não é responsável pela segurança dos Jogos Olímpicos e que a tarefa é dividida entre o Governo Federal e o estado do Rio de Janeiro.

 

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