Olimpíadas 2016

Gaudio se inspira em rainha de bateria e usa maiô que custa até R$ 5,4 mil

Divulgação
Natalia Gaudio com o collant que usará na prova com bola na Rio-2016 imagem: Divulgação

Juliana Alencar

Do UOL, em São Paulo

Pelo físico longilíneo, a capixaba Natalia Gaudio está longe de parecer uma rainha de bateria. Mas vem das musas do carnaval a inspiração para o collant que a principal brasileira da ginástica rítmica na Rio-2016 usará na prova de fitas.

Confeccionado pelo estilista português Rodrigo Santos, de 19 anos, o maiô que estreará no dia 19, na individual geral, é a nova menina dos olhos da atleta. Pudera. Com mais de 5 mil cristais svarovski cravejados e com aplicações de penas, a peça que pode custar até 1,5 mil euros (aproximadamente R$ 5,4 mil) foi desenvolvida para ela se apresentar com o elemento que é especialista. O valor exato, assim como o resultado, são mantidos em sigilo.

"É a peça mais luxuosa que a Natália vai usar na olimpíada", antecipa Santos, que produziu manualmente a vestimenta com o irmão gêmeo. "É um trabalho em três dimensões, que demorou cerca de um mês para ficar pronto. Ela pediu algo especial, já que ela vai disputar no próprio país. O collant é muito sofisticado, a ideia é impressionar", conta.  O maiô chegará nesta semana ao país.

Maiô de ginasta também tem "regras"

Na ginástica rítmica, o figurino não melhora a pontuação, mas pode prejudicá-la caso ele não esteja de acordo com as regras da modalidade - não pode ser cavado ou decotado, por exemplo, e tem que ser compatível com o tema musical escolhido. Mas as peças têm ganhado cada dia mais importância na vida das ginastas. E não à toa. É que o impacto visual causado por uma peça bem-elaborada costuma afetar indiretamente a percepção do júri.

É quase como o vestido de gala usado pelas misses - não dá a coroa para a candidata, mas ajuda a impressionar. 

"Quanto mais profissional, mais a atleta investe nos collants", diz Santos, que cita a equipe russa, atuais campeãs olímpicas, como exemplo. Uma peça de uma atleta do país europeu chega a custar até R$ 9 mil. "Elas têm essa tradição de investir no que vestem. Se dedicam a isso tanto quanto aos treinamentos. É diferente da ginástica artística, por exemplo".

Divulgação
O estilista posa com um dos figurinos de Gaudi imagem: Divulgação

Estilista transformará ginasta em "Drácula"

O estilista português tem criado as peças usadas por Natalia desde a Copa do Mundo de Lisboa, em março deste ano. Na competição, a ginasta já estreou dois collants que usará na Rio-2016. Além do inspirado no carnaval, Gaudio vestirá pela primeira vez uma peça que tem o tema "Drácula", para a prova de maças. 

"Esse será em tons de vermelho e laranja, com o pescoço bem trabalhado. Também virá com uma espécie de capa. Terá também svarosvki, mas com menos cristais", explica o jovem.

Gaudio diz que costuma estabelecer uma relação de apego com alguns dos collants usados por ela em provas. Tanto é que nem todos os que ela já usou na carreira foram "reciclados" ou vendidos para outras atletas - um hábito comum para recuperar parte do investimento, já que uma peça mais simples não sai por menos de 350 euros.

Até mesmo pelo custo alto, muitas atletas acabam, inclusive, pedindo para pessoas da família customizarem os maiôs já usados. 

"Alguns eu tenho ciúme, normalmente guardo os que eu considero mais importante. Fiquei com os que eu disputei no Pan de Toronto e no Mundial do ano passado, por exemplo", explica a ginasta.

Santos conta que apesar de ter o natural clima competitivo nos bastidores, nunca soube de nenhum caso de boicote envolvendo os figurinos.  "Nunca vi", diz, bem-humorado. "Mas as atletas ficam preocupadas. Tem medo das peças se danificarem antes da competição".

Topo