Olimpíadas 2016

Bach cita crise política e admite que organização dos Jogos foi 'desafio'

Fabrice Coffrini/Reuters
Thomas Bach ainda destacou crise política e econômica "sem precedentes" do Brasil imagem: Fabrice Coffrini/Reuters

Da AFP*

O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, reconheceu nesta segunda-feira, a quatro dias da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, que a preparação do evento no Rio de Janeiro foi "um desafio". Em seu discurso, o dirigente também comentou a grave atual situação política e econômica, citando um "país dividido".

"Foi uma viagem longa e desgastante para chegar aonde chegamos", declarou o dirigente na abertura da 129ª edição da reunião com os membros do COI, no Rio. “É emocionante estar aqui, a poucos dias da cerimônia de abertura dos primeiros Jogos Olímpicos na América do Sul”, completou.

 "Não é exagerado dizer que os brasileiros atravessaram momentos complicados. A crise política e econômica do país é sem precedentes", ressaltou. "Obviamente, essa situação gerou um desafio nos preparativos finais dos Jogos", enfatizou.

"Em um momento que o país está dividido politicamente, economicamente e socialmente, a transformação do Rio de Janeiro é realmente histórica. O Rio não estaria onde está hoje sem as Olimpíadas como um catalisador", completou.

"A história falará de um Rio de Janeiro antes dos Jogos Olímpicos e um Rio de Janeiro melhor depois dos Jogos Olímpicos", destacou Bach em seu discurso, no qual elogiou os dirigentes esportivos locais e as autoridades lideradas pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, presente na plateia.

"O seu compromisso e a sua energia sem limite fizeram a diferença. A sua visão foi sempre de que os Jogos Olímpicos eram um catalisador e que poderiam transformar a cidade. Hoje a sua visão pode se tornar realidade. Obrigado prefeito por sua dedicação e ser um parceiro confiável", comentou.

Vila Olímpica

O ex-esgrimista alemão assegurou que "os cariocas estão prontos, os brasileiros estão prontos, as instalações estão prontas e, o mais importante, os atletas estão prontos" para iniciar as competições.

Bach afirmou também que os problemas na Vila Olímpica dos quais se queixaram algumas delegações já estão sendo resolvidos. "Depois que cheguei aqui, fui diretamente à Vila Olímpica para comprovar as condições dos atletas. Eu estava feliz de ver que os problemas iniciais foram abordados com um espírito positivo de cooperação e com um grande apoio dos anfitriões brasileiros", comentou.

Legado

Depois de elogiar o prefeito, Bach citou números para reforçar as mudanças e a transformação na cidade do Rio de Janeiro. No discurso não houve menção à Baía de Guanabara ou à Lagoa Rodrigo de Freitas, que não foram despoluídas conforme foi prometido durante a candidatura brasileira.

"Um estudo mostrou que desde que foi escolhida como sede, a cidade do Rio de Janeiro teve um crescimento de 30% em sua renda per capita. Em apenas sete anos, o número de pessoas com acesso a um transporte público de boa qualidade passou de 18% em 2009 para 63% em 2016. A expansão do metrô, das rotas de ônibus e das linhas de trem irão beneficiar as próximas gerações de cariocas. As áreas olímpicas serão transformadas em parques e áreas de recreação para a população local depois dos jogos. A sede do handebol será transformada em quatro escolas públicas", comentou.

Rússia

Bach também lembrou que o COI precisou "tomar medidas necessárias" sobre a participação dos atletas russos, por conta do esquema de doping de Estado denunciado pelo relatório McLaren, publicado no dia 18 de julho. A Rússia correu risco de ser expulsa da Rio-2016, mas acabou preterida apenas em alguns esportes, como atletismo, além de alguns atletas que foram citados por envolvimento com substância ilícitas.

"Tivemos que tomar medidas apesar de o relatório McLaren ainda não ter sido concluído e a parte russa não ter sido ouvida ainda. A decisão da comissão executiva do COI foi unânime e seguia os princípios da autoridade olímpica, estipulados por unanimidade de todos os grupos de interesse", salientou.

"A respeito da participação dos atletas russos nestes Jogos Olímpicos, tivemos que tomar as decisões necessárias. Devido à gravidade dos fatos não era possível manter a presunção de inocência para os atletas russos", explicou.

"Mas por outro lado não se pode privar um atleta do direito humano da oportunidade de provar sua inocência. Não se pode castigar um ser humano pelos fracassos de seu governo se ele ou ela não está envolvido", completou.

Futuro dos Jogos Olímpicos

A entrada de cinco novos esportes para os Jogos de Tóquio 2020, a eleição de dois vice-presidentes e sete membros do Comitê Executivo e a apresentação dos relatórios das comissões marcarão também os quatro dias de discussões da assembleia. O skate, o beisebol/softbol e o surfe lutam por um lugar na competição.

Com informações da EFE

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