Yane Marques, mulher e nordestina, será a porta-bandeira do Brasil

Do UOL, no Rio de Janeiro
Marcos de Paula/Rio 2016

A delegação brasileira que vai disputar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro tem 47 homens a mais do que mulheres. Então, nada mais justo que, na edição em que a participação feminina bateu recorde, uma mulher entre no estádio do Maracanã com a bandeira do Brasil na cerimônia de abertura.

A escolhida foi Yane Marques, medalhista de bronze do pentatlo moderno, em Londres-2012, escolhida com 49% em votação popular realizada pela Globo, com anúncio no Fantástico. Bateu dois atletas com currículos muito maiores. Robert Scheidt (11%), da vela, é bicampeão olímpico e tem 11 títulos mundiais. Serginho (40%), líbero da seleção brasileira de vôlei, tem três medalhas olímpicas e três títulos mundiais.

“Foram algumas surpresas: primeiro a indicação, depois o resultado. Não esperava (ser escolhida), não”, afirmou Yane Marques ao “Fantástico”. “Concorrer com essas duas feras, que eu sou fã e admiro demais... Estou transbordando alegria”.

Yane tem só um bronze. É a primeira porta-bandeira do Brasil que não é campeã olímpica desde 1988, quando judoca Walter Carmona, bronze em 1984, recebeu a honra. A pentatleta era minoria já entre os três escolhidos para a votação. Ao ganhar, se junta a outras. É só a segunda mulher a levar a bandeira brasileira na abertura dos Jogos. A primeira foi Sandra Pires, do vôlei, em Sydney-2000. Ela foi a primeira brasileira campeã olímpica, em Atlanta-1996.

"Representa muito (ser a segunda mulher porta-bandeira). Carregar a bandeira já é uma situação honrosa. Todo mundo lhe assistindo. Quero ser uma porta-bandeira muito alegre e uma porta-voz desse sentimento de que através do esporte o país pode se unir mais", afirmou.

E é nordestina. Vinda de Afogados da Ingazeira, ela é apenas a segunda representante da região desde 1920 a receber a honraria. O primeiro foi Antônio Lira, nascido em João Pessoa, na Paraíba. Atleta do arremesso de peso, ele foi a duas Olimpíadas, em 1932 e 1936, sem fazer nenhum arremesso válido.

Lira era atleta do exército. Depois de deixar o esporte, virou general. Yane também é militar. Ela é uma pentatleta de laboratório, criada em 2007 em um projeto do Exército para formar atletas da modalidade para os Jogos Pan-Americanos. A coisa funcionou bem. Ela foi ouro no Pan. Já era um espanto. Cinco anos depois, ganhou a medalha de bronze em Londres-2012. Agora, no Rio, tenta voltar a surpreender.