Rio-2016 precisa de ajuda do clima para evitar crise em esportes aquáticos
Guilherme CostaDo UOL, no Rio de Janeiro
Não pode chover. Fazer muito calor também é mau negócio. A principal aposta do comitê organizador Rio-2016 para evitar crises com a Fina (Federação Internacional de Natação), entidade responsável pelos esportes aquáticos em âmbito mundial, é contar com condições climáticas específicas. Estruturas que haviam sido prometidas para os Jogos Olímpicos deste ano, como uma segunda piscina de aquecimento no Parque Aquático Maria Lenk e um sistema de ventilação no Estádio Aquático Olímpico, ainda não foram entregues.
No caso do Maria Lenk, o principal inimigo é a possibilidade de chuva durante os Jogos Olímpicos. A Fina passou grande parte do ciclo olímpico exigindo que o local fosse coberto, mas os responsáveis pela Rio-2016 rechaçaram essa hipótese – construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, o aparato não tem estrutura planejada para a implantação de um teto, o que poderia encarecer consideravelmente a obra. O comitê organizador das Olimpíadas disse este ano que agosto é um mês seco e que não haveria problemas. O evento-teste dos saltos ornamentais, em fevereiro, aconteceu sob muita chuva.
"Rezamos para não chover durante os Jogos Olímpicos", disse na época o romeno Cornel Marculescu, diretor-executivo da Fina. O cartola tem sido um dos principais críticos da organização do Rio de Janeiro para receber o megaevento esportivo – a relação do comitê local com a entidade que representa os esportes aquáticos chegou a ficar estremecida por causa das reclamações públicas de parte a parte.
Não é apenas pela falta de cobertura, porém, que a chuva ameaça a estrutura do Maria Lenk. O local vai receber saltos ornamentais, nado sincronizado e a primeira fase do polo aquático, contrariando a vontade da Fina, que não queria concentrar três modalidades em um mesmo aparato. A entidade fez algumas exigências para aceitar a proposta do comitê organizador local, e uma das principais demandas era a instalação de uma segunda piscina de aquecimento.
A reforma do Maria Lenk para a Rio-2016 foi realizada pela prefeitura do Rio de Janeiro e custou R$ 21,4 milhões. Não havia qualquer montante previsto para a construção de uma segunda piscina de aquecimento, e o comitê organizador teve de apelar a um tanque de 15m x 24m que seria colocado no Parque dos Atletas, estrutura erguida no terreno normalmente ocupado pelo Rock in Rio, construída com verba federal, usada como espaço para treinamentos dos atletas olímpicos.
O problema para o comitê organizador é que a instalação dessa piscina no Maria Lenk ainda não foi concluída. A cobertura está em estágio embrionário, e os funcionários que trabalham no local admitem que não há como terminar a obra se o clima não se mantiver seco nos próximos dias. Na última quinta-feira (28) à noite houve chuva fraca em algumas regiões do Rio de Janeiro.
No palco da natação, a torcida é contra o calor
Não é apenas a chuva que preocupa o comitê organizador dos Jogos Olímpicos, contudo. A possibilidade de um forte calor durante a Rio-2016 é igualmente dramática por causa do Estádio Aquático Olímpico. O calor foi um dos aspectos mais relevantes em abril, quando o aparato recebeu o evento-teste da natação, e havia na época uma discussão sobre a instalação de um sistema de ventilação para o público. Nada foi feito.
Do evento-teste para cá, apenas áreas de circulação dos atletas receberam estruturas de refrigeração. Nos locais em que o público e os funcionários ficarão concentrados durante os Jogos, a aposta dos organizadores é que não faça muito calor, já que a competição acontecerá em agosto, época de temperaturas mais amenas.
As eliminatórias da natação nos Jogos Olímpicos têm início marcado para 13h (de Brasília), horário em que o sol normalmente é mais forte. No evento-teste, a questão do calor foi especialmente discutida porque a piscina de aquecimento era descoberta – a obra para colocar um teto no espaço já foi concluída.
O Estádio Aquático Olímpico é uma das estruturas móveis do Parque Olímpico da Barra da Tijuca. Depois da Rio-2016, o aparato será transformado em dois parques aquáticos.