Olimpíadas 2016

Coreia do Norte: país mais fechado do planeta mostra orgulho no broche

Fábio Aleixo/UOL
Pin dos líderes da Coreia do Norte, Kim Il-Sung e Kim Jong-Il, no uniforme da delegação olímpica do país imagem: Fábio Aleixo/UOL

Bruno Doro e Fábio Aleixo*

Do UOL, no Rio de Janeiro

A delegação da Coreia do Norte nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro não fala. Neste domingo, 15 deles participaram da cerimônia de boas-vindas à Vila dos Atletas. Todos dirigentes, nenhum dos 31 atletas inscritos na Olimpíada apareceu.

Chegaram calados. Saíram calados. Entre eles, trocavam olhares e poucas palavras. Com a imprensa, só apontavam para a saída. Era para lá que eles dirigiam, logo após acompanhar a apresentação de dança e o discurso padrão ensaiado da prefeita da Vila, Jarneth Arcain. O sinal era claro: não dão entrevistas. Na Copa do Mundo de 2010, a seleção de futebol do país já se comportava assim.

Não que eles tenham sido antipáticos. Faz parte da imagem que o país mostra ao mundo: disciplina, organização, sucesso - é um dos países mais fechados do mundo, principalmente depois de sanções recebidas da ONU (Organização das Nações Unidas) por testes nucleares. Bom-humor não está entre as premissas. As boas-vindas foram divididas com a delegação de Uganda. Enquanto os africanos dançavam com os artistas brasileiros, o máximo que os asiáticos faziam era aplaudir. No rosto, a seriedade de sempre.

Mas é possível arrancar um sorriso dos representantes do país mais fechado do mundo. No peito de cada um tinha um pin com duas imagens. Uma era de Kim Il-Sung, o primeiro “líder supremo do país”. O outro, Kim Jong-Il, que morreu em 2011. Quando a reportagem viu e apontou a câmera, veio o sorriso, braços abertos, mão apontando para o peito. Orgulho do broche, da imagem que estão projetando.

Fábio Aleixo/UOL
Delegação da Coreia do Norte na cerimônia de boas-vindas na Vila Olímpica imagem: Fábio Aleixo/UOL

No Rio de Janeiro, os atletas norte-coreanos tentam superar os quatro ouros de Londres-2012 – recorde ao lado de Barcelona-1992. O esporte é uma das prioridades do novo líder norte-coreano, Kim Jong-un. Prova disso é que um representante do governo estará na cerimônia de abertura dos Jogos no Rio: a agência de notícias japonesa Kyodo, citando fontes oficiais, disse que o vice-presidente do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, Choe Ryong-hae, um dos homens de confiança de Jong-un, deixou no sábado o aeroporto de Pyongyang com destino à Pequim, capital da China. De lá seguirá para o Brasil para participar da Rio-2016.

Assim que virou presidente, com a morte do pai, Jong-un criou um órgão que pode ser chamado de Comissão de Orientação Estatal de Cultura Física e Esportes. Durante encontro de esportistas de 2015 em um estádio de futebol na capital Pyongyang, ele ordenou que fosse lida no sistema de som uma carta na qual dizia que o esporte “aumenta o poder da pátria, exalta a dignidade e a honra da nação, despertando o orgulho nacional e a autoestima da população, fazendo o espírito revolucionário prevalecer em toda a sociedade”. O relato é da KCNA, a Agência Central de Notícias da Coreia do Norte.

Até agora, resultados vieram no judô e no levantamento de peso. No ano passado, a delegação do país ficou entre as três melhores do Campeonato Mundial disputado em Houston, nos EUA. No judô, o país tem uma campeã olímpica, um campeão e dois vice-campeões mundiais.

* Com informações de Daniel Brito e Rodrigo Mattos

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