País mais jovem do mundo é ajudado nos Jogos e não paga prêmio: "só amor"

Fábio Aleixo e José Ricardo Leite
Do UOL, no Rio de Janeiro
Fábio Aleixo
Membros da delegação do Sudão do Sul posam para foto na Vila

No dia 11 de julho de 2011 era declarada a independência da República do Sudão do Sul e nascia ali o país que é hoje o mais jovem do planeta. Mas a separação da agora vizinha República do Sudão ainda teria mais luta e tragédias que não param até os dias atuais.

Dois anos após seu nascimento, o Sudão do Sul mergulhou em uma guerra civil pelo poder que deixou milhões de mortos e deslocados. Apesar da tensão civil, a nação tem orgulho de pela primeira vez enviar uma delegação em uma edição de Jogos Olímpicos.

No Rio, três atletas, Margret Hassan, Santino Kenyi e Guor Marial, representarão as cores do país no atletismo. Outros cinco refugiados competirão sem pátria, sob a batuta do COI (Comitê Olímpico Internacional). 

E os três guerreiros que deixaram o país em meio a um conflito para uma edição olímpica só comemoram. "É um orgulho participar da Olimpíada. O objetivo é vencer. Na cerimônia de abertura estarei muito feliz em ver nossa bandeira", falou Margret, que correrá nos 200 m rasos.

Ajuda do COI e premiação zero

O Sudão do Sul só competirá no Rio graças à ajuda financeira do COI e de federações de outros países africanos, por meio da chamada Solidariedade Olímpica. Prêmio por medalha caso haja um milagre esportivo? Isso é uma heresia comparada ao que outros países fazem. O combustível dos atletas terá que ser o amor.

"Zero premiação, não tem como. Eles têm que competir movidos por paixão e amor. Estamos aqui para mostrar o orgulho de nossos compatriotas e familiares”, disse Gabriel Geng Geng, um dos responsáveis por chefiar a delegação.

Os objetivos são muito mais nobres do que uma medalha. Os representantes querem, de alguma forma, que a luta demonstrada para estar nos Jogos inspire a paz nos país pelo meio do esporte.

“Temos uma revolta política. A situação está se estabelecendo e espero que não se repita. Estamos trabalhando para que o esporte possa nos ajudar nesta missão de acabar com as diferenças entre as pessoas. O esporte nos trará paz”, falou Eunice Lako, diretora-executiva do Comitê do Sudão do Sul.

O país caçula mundial ainda sofre com precariedade de estrutura para o esporte. “Estão tentando desenvolver o esporte da melhor maneira possível, cada federação fazendo o seu trabalho. Temos futebol, atletismo, handebol, taekwondo e judô. Não temos ainda natação pois precisamos estabelecer. Não temos piscinas lá. Só temos piscina em hotéis".

Além do Sudão do Sul, outra nação que estreia em Jogos Olímpicos no Rio é o Kosovo, do continente europeu, que se desmembrou da antiga Iugoslávia, e teve independência declarada em 2008.