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China pechincha, paga parcelado e gasta R$ 14 mi para treinar no Pinheiros

Luiza Oliveira/UOL
Atletas do badminton da China treinam no clube Pinheiros, em São Paulo imagem: Luiza Oliveira/UOL

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

Os chineses são conhecidos por gostarem de negociar, e o Comitê Olímpico do país que é uma das maiores potências dos Jogos Olímpicos do Rio não é diferente. A entidade fez uma longa negociação com o clube Pinheiros para acertar a preparação dos atletas no local, com direito a pechincha, pagamento parcelado e dois meses de conversa.

O clube recebeu US$ 3,5 milhões, cerca de R$ 14 milhões na época, para receber a comitiva e dar condições adequadas para as 15 modalidades que fizeram seus treinamentos no clube. O Comitê Olímpico da China fez o pagamento no segundo semestre do ano passado em três parcelas constando 30% do valor e a última de 10%.

As negociações foram longas. O país asiático procurou o clube por indicação da Secretaria Municipal de Esportes e fez uma proposta. O Pinheiros achou o valor baixo e subiu o pedido. A China aceitou desde que eles fossem responsáveis pela alimentação.

A diretoria do clube tinha muito interesse em receber a delegação, mas não cedeu com tanta facilidade. Isso porque tinha a preocupação de não prejudicar os associados e também precisou fazer investimentos altos nas instalações para dar as condições adequadas aos atletas.

Para recebê-los, o clube comprou um tablado de ginástica artística e um ringue de boxe. Também melhorou a iluminação e os pisos dos ginásios. O aquecimento da piscina para o treino do nado sincronizado também foi trocado. Para se ter uma ideia, apenas o tablado da ginástica tem um alto custo de US$ 800 mil.

Além disso, o Pinheiros foi o responsável pela alimentação de toda a delegação e precisou fornecer alimento para 400 pessoas por 22 dias. A comida é toda orgânica e tem preparação especial.

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imagem: Luiza Oliveira/UOL
Os chineses fizeram diversas exigências. O Pinheiros se preparou, por exemplo, para o risco de doping e chegou a alugar dois containers para armazenar todo o alimento preparado por 40 dias. O procedimento foi feito para, no caso de algum competidor testar positivo, os especialistas da área médica conseguirem verificar se ele não foi vítima de alguma contaminação ou falha na hora do preparo do alimento, ou de substâncias contidas nele.

A preparação da China em esportes como badminton, tênis de mesa, nado sincronizado, esgrima e boxe está chegando ao fim, mas atletas de outros esportes como taekwondo ainda estão para chegar ao clube. A estadia vem sendo considerada muito positiva tanto para os chineses quanto para o clube. Na manhã deste sábado, os dirigentes orientais fizeram um pronunciamento demonstrando a satisfação com o período de treinos até pelas condições serem muito semelhantes às do Rio de Janeiro.

O clube e seus associados também saíram ganhando, já que, além do lado financeiro, houve benfeitorias nas instalações e adquiriu-se um maior know how neste tipo de logística. Atletas brasileiros também puderam treinar com os estrangeiros e entender um pouco mais a forma de trabalho de uma das maiores potências mundiais do esporte. 

"Vem sendo muito positivo. Está tendo uma troca muito interessante. E uma coisa muito legal é que os associados compraram a ideia de receber os chineses e promover um intercâmbio cultural. Muitos deles se tornaram voluntários da delegação chinesa. Tinha até mais gente interessada e faltou vaga. Vamos implementar o esquema do voluntariado em outros projetos", afirmou o presidente do Pinheiros, Roberto Cappellano.  

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